30 de novembro de 2024 Doar
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Crise da família se explica na perda do valor do matrimônio, diz Arcebispo

O Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, afirmou que "em vez de falar tanto da ‘crise da família’ teríamos que nos referir à crise ou a perda de valor da instituição matrimonial, do matrimônio" e pediu "resgatar" a "preparação para o matrimônio e a própria idéia do matrimônio".

Em sua reflexão semanal no programa "Chaves para um Mundo Melhor", o Prelado lamentou que se tome com "enorme levianidade" algo que é fundamental para a vida da sociedade, "porque a família fundada no matrimônio, não está destinada apenas à felicidade das duas pessoas que se casam e, eventualmente, de seus filhos, mas sim nela se funda também o equilíbrio, a perfeição, a beleza de uma sociedade" que é uma "autêntica comunidade".

O Prelado afirmou a necessidade de "lembrar com insistência que, em realidade, não há família sem matrimônio, mesmo que muita gente esteja confundida a respeito; também alguns legisladores o estão. Temos que recordar que a família se funda no matrimônio que é a união estável de um homem e uma mulher".

Para o Arcebispo platense, "uma das causas da atual depreciação do matrimônio foi a famosa lei de divórcio" pois hoje "na Argentina, na ordem civil, já ninguém pode contrair um matrimônio indissolúvel, para sempre. Pensa-se que o casamento é provisório, porque pode-se dissolver à vontade e esta possibilidade se converte em uma convicção; como conseqüência se cria uma ambigüidade notável em relação ao que significa o matrimônio como realidade estável".

Dom Aguer destacou que "a origem desta fragilidade" está na "na preparação, no que antes se chamava o noivado. E digo antes porque o noivado mudou de caráter; nestes tempos se costuma usar esse termo, mas não para referi-lo a um tempo sério de amizade, de aprofundamento no conhecimento mútuo em ordem ao compromisso matrimonial".

Só o amor basta?

Em seguida, o Arcebispo comentou que "as pessoas, ao parecer, casam-se por amor" e se perguntou "o que significa esse amor?" assinalando que "muitas vezes excluem totalmente as razões que fundamentam a decisão" e embora esclareceu não tinha que estabelecer "uma oposição entre casamento por amor e casamento por razão" assegurou que o matrimônio deve ser pensado como "um projeto de vida, pensado e assumido em comum, para ser vivido com amor fiel e fecundo".

"O amor puramente romântico ou passional, sem um projeto de vida comum, não pode durar e fica solto ao vaivém das circunstâncias, das emoções, dos interesses. Possivelmente é este um dos problemas fundamentais que hoje em dia põem em xeque a estabilidade e solidez da família. Não dura porque essa união não estava destinada a durar".

Finalmente resgatou como uma "coisa muito importante" a paciência explicando que "os amores maiores se provam na convivência cotidiana, é então ali onde é preciso limar asperezas, é preciso remendar continuamente os buraquinhos que se abrem na relação. É preciso ir ajustando a convivência, o que supõe esforço na modificação de caracteres, na harmonização de inquietudes e de interesses".

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