28 de novembro de 2024 Doar
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Os sacerdotes devem levar o jugo do amor de Cristo, diz o Papa Bento

Durante a Missa Crismal que comemora a instauração da Ordem Sacerdotal celebrada esta manhã na Basílica Vaticana, o Papa Bento XVI *explicou a missão do sacerdote *a partir de* uma catequese sobre os ornamentos litúrgicos*.

Durante a solene e emotiva Missa em que participaram cardeais, arcebispos, bispos e presbíteros presentes em Roma; renovaram-se as promessas sacerdotais e abençoaram os Santos óleos.

O Papa começou sua extensa homilia recordando ao autor russo Leone Tolstoi, quem narra em um conto como um pobre pastor russo ensinou a um rei quem era Deus propondo uma mudança de vestes e exemplificar assim como Jesus, sendo Deus, despojou-se de sua potestade para fazer-se homem.

"É isto o que acontece no batismo: *revestimos-nos de Cristo*, Ele nos entrega suas vestes mas estes não são uma coisa externa. Significa que entramos em uma *comunhão existencial com Ele*, que seu ser e o nosso confluem e se compenetram mutuamente", disse o Pontífice.

"Esta teologia do Batismo –continuou- retorna de modo novo e com uma nova insistência na Ordenação sacerdotal. Como no Batismo se realiza uma 'mudança de vestidos', uma mudança no destino, uma nova comunhão existencial com Cristo, assim também* no sacerdócio se produz um intercâmbio*: na administração dos Sacramentos, o sacerdote atua e fala agora '*in persona Christi*' (na pessoa de Cristo)".

O Santo Padre explicou que assim, nos Sacramentos "se faz visível de modo dramático aquilo que o ser sacerdote significa em geral; aquilo que expressamos com nosso '*Adsum* – aqui estou' durante a consagração sacerdotal: *estou aqui para que você possa dispor de mim*".

O Papa recordou aos sacerdotes do mundo que "no momento da Ordenação sacerdotal, *a Igreja nos faz visível e tangível essa realidade dos 'novas vestes'* inclusive externamente, mediante o ser revestido com os ornamentos litúrgicos. Neste gesto externo ela quer nos fazer evidente o evento interior e a tarefa que nos vem d'Ele: revestir-nos de Cristo; entregar-nos a Ele como Ele se entregou a nós".

"Queria portanto, queridos irmãos, explicar esta Quinta-feira Santa *a essência do ministério sacerdotal interpretando os ornamentos litúrgicos*que, precisamente, por sua parte, querem ilustrar que coisa significa 'revestir-se de Cristo', falar e atuar '*in persona Christi*'", disse o Papa.

*A vestimenta litúrgica e o sacerdócio*

O Papa abordou a explicação simbólica dos ornamentos litúrgicos *começando pelo amito*, o tecido branco que os sacerdotes colocam em primeiro lugar ao redor da nuca e do pescoço.

"No passado, este se colocava primeiro na cabeça como uma espécie de capuz, convertendo-se assim em *um símbolo da disciplina dos sentidos e do pensamento* necessária para uma justa celebração da Santa Missa".

A respeito, o Pontífice explicou que "*os pensamentos não devem vagar aqui e lá* detrás das preocupações e as expectativas do dia; os sentidos não devem ser atraídos daquilo que ali, ao interior da Igreja, casualmente queria seqüestrar os olhos e os ouvidos". "Se eu estiver com o Senhor, então com minha escuta, meu falar e meu atuar, atraio também às pessoas dentro da comunhão com Ele".

Ao referir-se em seguida *à alba e a estola*, o Papa recordou que as antigas orações fazem referência ao vestido novo que o filho pródigo recebeu do pai; e portanto, "quando nos aproximamos da liturgia para atuar na pessoa de Cristo *nos damos conta de quão longe estamos d'Ele*; quanta sujeira existe em nossa própria vida".

É precisamente o sangue do cordeiro, chamado no Apocalipse, a que "apesar de nossas trevas, transforma-nos em 'luz no Senhor'. Ao colocarmos a alba devemos recordar: Ele também sofreu por mim. É só porque seu amor é maior que todos meus pecados, que eu posso representá-lo e ser testemunha de sua luz", explicou o Papa.

O Papa explicou em seguida que *a alba também recorda "a veste do amor"* que devem levar todos aqueles convidados ao banquete do Noivo, Jesus Cristo, para poder participar dignamente.

Por isso, assinalou que "agora que nos preparamos para a celebração da Santa Missa, devemos nos perguntar se levarmos o hábito do amor. *Peçamos ao Senhor que afaste toda hostilidade de nosso interior*, que nos tire todo sentido de auto-suficiência e que nos revista verdadeiramente com as vestimentas do amor, para que sejamos pessoas luminosas e não pertencentes às trevas".

Bento XVI adicionou em seguida umas breves palavras sobre *a casula *que, conforme explicou, *simboliza o jugo do Senhor*. "Levar o jugo do Senhor significa acima de tudo: aprende d'Ele. Estar sempre dispostos a participar da escola de Jesus. Dele devemos aprender a pequenez e a humildade –a humildade de Deus que se mostra em seu ser homem", explicou.

"Algumas vezes –concluiu o Pontífice- *queríamos dizer a Jesus: Senhor, seu jugo não é para nada ligeiro*. Mas bem, é tremendamente pesado neste mundo. Mas ao olhar a Ele que carregou com tudo –que em si a provado a obediência, a debilidade, a dor, toda a escuridão, então todos nossos lamentos se apagam".

"Seu jugo é o de amar com Ele. E quanto mais o amamos, e com Ele nos convertemos em pessoas que amam, mais ligeiro se volta nosso jugo aparentemente pesado".

"Oremos para que *nos ajude a ser junto com Ele pessoas que amam*, para experimentar assim sempre mais quanto mais belo é levar seu jugo", concluiu o Papa.

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