VATICANO, Apr 23, 2007 / 01:58 am
Depois de alguns anos de estudo, a Comissão Teológica Internacional –que depende da Congregação para a Doutrina da Fé– publicou um documento que assinala que a tradicional hipótese teológica do limbo, o lugar onde estariam eternamente as crianças mortas não batizadas sem gozar da comunhão com Deus, reflete uma "visão excessivamente restritiva da salvação".
No documento "A esperança de salvação para as crianças que morrem sem ter sido batizadas", cuja publicação foi aprovada pelo Papa Bento XVI, a Comissão conclui que "o destino das crianças que morrem sem ter recebido o batismo é o Céu".
Em declarações a Rádio Vaticano, o Secretário Geral de tal Comissão, Padre Luis Ladaria, afirmou que "as razões fundamentais que levaram a esclarecer, do ponto de vista teológico, que as crianças que morrem sem terem sido batizadas vão ao Céu estão representadas, em primeiro lugar, pela misericórdia infinita de Deus, que quer que todos os homens se salvem".
O sacerdote jesuíta ressaltou "a mediação única e universal de Cristo, que veio ao mundo para salvar todos os homens", sem esquecer que "Jesus mostrou de forma especial sua proximidade aos pequenos e sua predileção por eles". Segundo Ladaria "todas estas razões levam a esperança da salvação das crianças que morreram sem serem batizadas".
Desta maneira, o documento responde a um "problema pastoral urgente, já que cada vez são mais as crianças nascidas de pais não católicos e que não são batizadas e também "outros que não nasceram ao serem vítimas de abortos", explica a Comissão.
"Nossa conclusão é que muitos fatores que consideramos dão sérias bases teológicas e litúrgicas à esperança de que as crianças mortas sem batismo sejam salvas e gozem da visão beatífica", sustentam os teólogos.
O Padre Ladaria esclareceu deste modo que "o limbo nunca foi definido como dogma", e recordou que "o Catecismo da Igreja Católica não o menciona".
Sobre o contribua do Papa Bento XVI na elaboração deste texto, o Pe. Ladaria explicou que a redação é obra da Comissão, mas que o Papa, "tendo sido além presidente da própria Comissão, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, sendo então o Cardeal Ratzinger– indicou este tema de estudo. Provavelmente de acordo com o Papa João Paulo II. E, como sabemos, deu seu consenso para a publicação deste texto".
O texto, já publicado em inglês, será publicado em italiano no próximo 5 de maio na revista Civiltá Cattolica. Posteriormente se publicará em diversos idiomas.
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