19 de dezembro de 2024 Doar
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Família, vida e católicos afastados, prioridades do Papa para a Igreja no Brasil

Em um extenso discurso, o Papa Bento XVI apresentou um elenco sistemático dos temas que devem estar no centro da preocupação pastoral dos bispos do Brasil e lhes pediu atender especialmente às famílias e os católicos afastados.

O Santo Padre assinalou que atualmente "ataca-se impunemente a santidade do matrimônio e da família, iniciando-se por fazer concessões diante de pressões capazes de incidir negativamente sobre os processos legislativos; justificam-se alguns crimes contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual; atenta-se contra a dignidade do ser humano; alastra-se a ferida do divórcio e das uniões livres".

"Ainda mais: no seio da Igreja, quando o valor do compromisso sacerdotal é questionado como entrega total a Deus através do celibato apostólico e como disponibilidade total para servir às almas, dando-se preferência às questões ideológicas e políticas, inclusive partidárias, a estrutura da consagração total a Deus começa a perder o seu significado mais profundo", denunciou Bento XVI.

Ao referir-se aos católicos que abandonam a vida eclesiástica, o Papa afirmou que uma das razões desta situação "possa ser atribuída à falta de uma evangelização em que Cristo e a sua Igreja estejam no centro de toda explanação. As pessoas mais vulneráveis ao proselitismo agressivo das seitas - que é motivo de justa preocupação – e incapazes de resistir às investidas do agnosticismo, do relativismo e do laicismo são geralmente os batizados não suficientemente evangelizados, facilmente influenciáveis porque possuem uma fé fragilizada e, por vezes, confusa, vacilante e ingênua, embora conservem uma religiosidade inata".

"É necessário, portanto, encaminhar a atividade apostólica como uma verdadeira missão dentro do rebanho que constitui a Igreja Católica no Brasil, promovendo uma evangelização metódica e capilar em vista de uma adesão pessoal e comunitária a Cristo. Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo, através de uma pastoral da acolhida que os ajude a sentir a Igreja como lugar privilegiado do encontro com Deus e mediante um itinerário catequético permanente", explicou.

Depois de destacar a necessidade da vivência da solidariedade, o Papa ressaltou que "a vós Pastores cabe a principal tarefa de assegurar a participação dos fiéis na vida eucarística e no Sacramento da Reconciliação; deveis estar vigilantes para que a confissão e a absolvição dos pecados sejam, de modo ordinário, individual, tal como o pecado é um fato profundamente pessoal".

Catequese, liturgia, vocações e ecumenismo

Bento XVI também indicou que se deve "recomeçar a partir de Cristo em todos os âmbitos da missão. Redescobrir em Jesus o amor e a salvação que o Pai nos dá, pelo Espírito Santo. Esta é a substância, a raiz, da missão episcopal que faz do Bispo o primeiro responsável pela catequese diocesana".

Referindo-se ao excessivo sentimentalismo em que às vezes cai, o Santo Padre disse que o bispo, "tem a direção superior da catequese, rodeando-se de colaboradores competentes e merecedores de confiança. É óbvio, portanto, que os seus catequistas não são simples comunicadores de experiências de fé, mas devem ser autênticos transmissores, sob a guia do seu Pastor, das verdades reveladas".

"A fé é uma caminhada conduzida pelo Espírito Santo que se resume em duas palavras: conversão e seguimento", afirmou.

O Santo Padre também disse que "é necessária uma mais correta aplicação dos princípios indicados pelo Concílio Vaticano II no que diz respeito à Liturgia da Igreja, incluindo as disposições contidas no Diretório para os Bispos (nn.145-151), com o propósito de devolver à Liturgia o seu caráter sagrado".

"Redescobrir e valorizar a obediência às normas litúrgicas por parte dos Bispos, como "moderadores da vida litúrgica da Igreja", significa testemunhar a própria Igreja, una e universal que preside na caridade.", adicionou.

"Nós, pastores, na esteira do compromisso assumido como sucessores dos Apóstolos, devemos ser fiéis servidores da Palavra, sem visões redutivas e confusões na missão que nos é confiada. Não basta observar a realidade a partir da fé; é preciso trabalhar com o Evangelho nas mãos e fundamentados na correta herança da Tradição Apostólica, sem interpretações movidas por ideologias racionalistas.", explicou.

Ao falar da formação teológica e a promoção das vocações, Bento XVI indicou que "a formação teológica e nas disciplinas eclesiásticas exige uma constante atualização, mas sempre de acordo com o Magistério autentico da Igreja".

"Faço apelo ao vosso zelo sacerdotal e ao sentido de discernimento das vocações, também para saber complementar a dimensão espiritual, psico-afetiva, intelectual e pastoral em jovens maduros e disponíveis ao serviço da Igreja. Um bom e assíduo acompanhamento espiritual é indispensável para favorecer o amadurecimento humano e evita o risco de desvios no campo da sexualidade".

"Tende sempre presente que o celibato sacerdotal é um dom "que a Igreja recebeu e quer guardar, convencida de que ele é um bem para ela e para o mundo", precisou.

Falando do ecumenismo, o Papa destacou que este é a busca da unidade dos cristãos se volta em esse nosso tempo, no qual se verifica o encontro das culturas e o desafio do secularismo, uma tarefa sempre mais urgente da Igreja Católica. Com a multiplicação, entretanto, de cada vez novas denominações cristãs e, sobretudo diante de certas formas de proselitismo, freqüentemente agressivo, o empenho ecumênico se volta uma tarefa complexa".

Deste modo afirmou que, nesta área "vale sempre o princípio do amor fraterno e da busca de compreensão e de proximidade mútuas; mas também a defesa da fé do nosso povo, confirmando-o na feliz certeza, que a "unica Christi Ecclesia.... subsistit in Ecclesia catholica, a successore Petri et Episcopis in eius communione gubernata" ("a única Igreja de Cristo... subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele").

Finalmente o Papa confiou os bispos "a Maria Santíssima, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, enquanto de todo o coração vos concedo, a cada um de vós e às vossas respectivas Comunidades, a Bênção Apostólica. Obrigado!

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