- Introducão
- I. O ENCONTRO COM CRISTO, LEGADO DO GRANDE JUBILEU
- II. UM ROSTO A CONTEMPLAR
- III. PARTIR DE CRISTO
- IV. TESTEMUNHAS DO AMOR
- CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
DUC IN ALTUM!
58. Sigamos em frente, com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo
milénio como um vasto oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo.
O Filho de Deus, que encarnou há dois mil anos por amor do homem, continua
também hoje em acção: devemos possuir um olhar perspicaz
para a contemplar, e sobretudo um coração grande para nos tornarmos
instrumentos dela.
Porventura não foi para tomar renovado contacto
com esta fonte viva da nossa esperança que celebrámos o ano jubilar?
Agora Cristo, por nós contemplado e amado, convida uma vez mais a pormo-nos
a caminho: " Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo " (Mt 28,19). O mandato
missionário introduz-nos no terceiro milénio, convidando-nos a
ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora; podemos contar
com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes
e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança que "
não nos deixa confundidos " (Rom 5,5).
Ao princ ípio deste novo século,
o nosso passo tem de fazer-se mais lesto para percorrer as estradas do mundo.
As sendas, por onde caminha cada um de nós e cada uma das nossas Igrejas,
são muitas, mas não há distância entre aqueles que
estão intimamente ligados pela única comunhão, a comunhão
que cada dia é alimentada à mesa do Pão eucarístico
e da Palavra de vida. Cada domingo, Cristo ressuscitado marca encontro connosco
no Cenáculo, onde, na tarde do " primeiro dia depois do sábado
" (Jo 20,19), apareceu aos seus " soprando " sobre eles o dom
vivificante do Espírito e iniciando-os na grande aventura da evangelização.
Neste caminho, acompanha-nos a Virgem Santíssima; a Ela, há poucos
meses, juntamente com muitos Bispos congregados em Roma de todas as partes do
mundo, confiei o terceiro milénio. Ao longo destes anos, muitas vezes
A apresentei e invoquei como " Estrela da nova evangelização
".
E aponto-A, uma vez mais, como aurora luminosa
e guia segura do nosso caminho. " Mulher, eis aqui os teus filhos "
- repito-Lhe, fazendo eco à própria voz de Jesus (cf. Jo 18,26),
e dando voz, junto d'Ela, ao afecto filial de toda a Igreja.
59. Amados irm ãos e irmãs!
O símbolo da Porta Santa fecha-se atrás de nós, mas para
deixar mais escancarada ainda a porta viva que é Cristo. Não é
a uma vida quotidiana cinzenta que regressamos, depois do entusiasmo jubilar.
Ao contrário, se foi autêntica a nossa peregrinação,
esta terá como que desentorpecido as nossas pernas para o caminho que
nos espera. Devemos imitar o entusiasmo do apóstolo Paulo: " Avançando
para o que está adiante, prossigo em direcção à
meta, para obter o prémio a que Deus nos chama em Cristo Jesus "
(Fil 3,13-14). Ao mesmo tempo, havemos de imitar a contemplação
de Maria, que, terminada a peregrinação à cidade santa
de Jerusalém, voltava para a casa de Nazaré meditando no seu coração
o mistério do Filho (cf. Lc 2,51).
Possa Jesus ressuscitado, que Se põe a caminho connosco pelas nossas
estradas deixando-Se reconhecer, como sucedeu aos discípulos de Emaús,
" ao partir do pão " (Lc 24,35), encontrar-nos vigilantes e
prontos para reconhecer o seu rosto e correr a levar aos nossos irmãos
o grande anúncio: " Vimos o Senhor! " (Jo 20,25).
É este o fruto tão desejado do Jubileu do ano dois mil, o jubileu
que apresentou novamente ao vivo, diante dos nossos olhos, o mistério
de Jesus de Nazaré, Filho de Deus e Redentor do homem.
Enquanto o mesmo se encerra deixando aberto para nós um futuro de esperança,
suba ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, o louvor e a gratidão
de toda a Igreja.
Com estes votos, a todos envio do fundo do coração a minha Bênção.
Vaticano, no dia 6 de Janeiro, Solenidade da Epifania do Senhor, do ano 2001,
o vigésimo terceiro de Pontificado.
(1) Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o múnus
pastoral dos Bispos Christus Dominus, 11.
(2) Bula Incarnationis mysterium (29 de Novembro de 1998), 3: AAS 91 (1999),
132.
(3) Ibid., 4: o.c., 133.
(4) Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 8.
(5) De civitate Dei, XVIII, 51, 2: PL 41, 614; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const.
dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 8.
(6) João Paulo II, Carta ap. Tertio millennio adveniente (10 de Novembro
de 1994), 55: AAS 87 (1995), 38.
(7) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 1.
(8) " Ignoratio enim Scripturarum ignoratio Christi est ", na sua
obra Commentariorum in Isaiam libri, prol.: PL 24, 17.
(9) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a revelação divina
Dei Verbum, 19.
(10) Assim se diz no Concílio Ecuménico Calcedonense: " Na
sequência dos Santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um
só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade
e perfeito na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem [...]. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho único, que devemos
reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão,
sem separação [...] Ele não está dividido ou separado
em duas pessoas, mas é um só e mesmo Filho único, Deus,
Verbo e Senhor Jesus Cristo ": DS, 301-302.
(11) Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo
Gaudium et spes, 22.
(12) A este respeito observa S. Atanásio que " o homem não
podia ser divinizado, se estivesse unido a uma criatura, ou seja, se o Filho
não fosse verdadeiro Deus ": Discurso II contra os Arianos, 70:
PG 26, 425B.
(13) N. 78.
(14) Últimos colóquios. Caderno amarelo (6 de Julho de 1897):
Opere complete (Vaticano 1997), 1003.
(15) S. Cipriano, De oratione dominica, 23: PL 4, 553; cf. Const. dogm. sobre
a Igreja Lumen gentium, 4.
(16) Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 40.
(17) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium,
10.
(18) Cf. Congr. da Doutrina da Fé, Carta sobre alguns aspectos da meditação
cristã Orationis formas (15 de Outubro de 1989): AAS 82 (1990), 362-379.
(19) Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium,
10.
(20) Cf. João Paulo II, Carta ap. Dies Domini (31 de Maio de 1998), 19:
AAS 90 (1998), 724.
(21) Ibid., 2: o.c., 714.
(22) Cf. ibid., 35: o.c., 734.
(23) Cf. n. 18: AAS 77 (1985), 224.
(24) Ibid., 31: o.c., 258.
(25) Tertuliano, Apologeticum 50, 13: PL 1, 534.
(26) Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 1.
(27) Manuscrito B, 3-3vs. : Opere complete (Vaticano 1997), 223.
(28) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, cap.
III.
(29) Cf. Congr. do Clero e Outras, Instr. acerca de algumas questões
sobre a colaboração dos fiéis leigos no sagrado ministério
dos sacerdotes Ecclesiae de mysterio (15 de Agosto de 1997): AAS 89 (1997),
852-877. Veja-se sobretudo o art. 5: " Os organismos de colaboração
na Igreja particular ".
(30) Reg. III, 3: " Ideo autem omnes ad consilium vocari diximus, quia
saepe iuniori Dominus revelat quod melius est ".
(31) " De omnium fidelium ore pendeamus, quia in omnem fidelem Spiritus
Dei spirat ": Epistula 23, 36, a Sulpício Severo: CSEL 29, 193.
(32) Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 31.
(33) Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o apostolado dos leigos Apostolicam actuositatem,
2.
(34) Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 8.
(35) Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo
Gaudium et spes, 22.
(36) Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes,
34.
(37) S. Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, Pref.: Ed. Funk, I, 252.
(38) Assim escreve, por exemplo, S. Agostinho: " Luna intelligitur Ecclesia,
quod suum lumen non habeat, sed ab Unigenito Filio Dei, qui multis locis in
Sanctis Scripturis allegorice sol est appellatus ": Enarratio in Psalmos,
10, 3: CCL 38, 42.
(39) Cf. Decl. sobre as relações da Igreja com as religiões
não-cristãs Nostra aetate.
(40) Pont. Cons. Para o Diálogo Inter-Religioso e Congr. Para a Evangelização
dos Povos, Instr. Diálogo e anúncio: reflexões e orientações
(19 de Maio de 1991), 82: AAS 84 (1992), 444.
(41) Cf. Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et
spes, 4.
(42) Ibid., 11.
(43) Ibid., 44.
(44) Cf. Carta ap. Tertio millennio adveniente (10 de Novembro de 1994), 36:
AAS 87 (1995), 28.