Esta formosa faixa de terra banhada pela imensidão e imponência das águas do Pacífico foi descoberta pelo navegante André Niño y Cereda, em junho de 1522.
Conquistada pelo grande Tonatiú, feroz guerreiro, que para realizar seus objetivos não poupou a vida de centenas de pessoas: o mandatário Dom Pedro de Alavarado, audaz militar sob a ordens de Hernán Cortez, em junho de 1524.
Luis de Moscovo, obedecendo às ordens de Alvarado, fundou, no dia 8 de maio de 1530, a cidade de São Miguel.
Segundo a tradição, no ano de 1682, alguns mercadores encontraram na vila do Mar do Sul salvadorenho uma caixa abandonada; tão bem fechada que não conseguiram abri-la com ferramentas. Certos de que continha algum objeto valioso, levaram-na para a cidade de São Miguel, onde encontrariam recursos para abri-la. Puseram a caixa no lombo de um burro e iniciaram uma longa e perigosa viagem até chegarem à cidade no dia 21 de novembro. Visando garantir a posse do provável tesouro, dirigiram-se primeiramente às autoridades do lugar para lhes comunicar o achado; ao passarem diante da igreja paroquial, hoje Catedral, o burro deitou-se por terra decidida a não mais se levantar. Sem nenhum esforço conseguiram abrir a caixa que continha uma formosa imagem de Nossa Senhora com o Menino nos braços.
A origem da imagem permanece misteriosa e envolta em lenda. Nunca se pôde descobrir qual seria o destino daquela caixa, nem como chegou ao território salvadorenho.
Conta-se que no momento em que retiravam a imagem ocorria uma violenta luta entre os habitantes da região. Ao terem notícia do milagroso achado, todos depuseram as armas e imediatamente cessaram as hostilidades; também se relata que nas lutas fratricidas de 1883, o lado vitorioso, em vez de promover represálias, como se esperava, fez colocar a abençoada imagem no átrio da paróquia e, aos pés de Maria, jurou solenemente não guardar rancores e extirpar o ódio dos corações para que a paz gerasse fraternidade e reconciliação.
Por isso deram à imagem o título de Nossa Senhora da Paz, cuja festa é celebrada no dia 21 de novembro, para recordar sua chegada a São Miguel.
A imagem é de tamanho regular. Talhada em madeira e vestida de roupas brancas, tem à frente um bordado com o escudo nacional da República de Salvador. A imagem tem na mão uma palma de ouro, como lembrança da erupção do vulcão Chaparrastique, que ameaçou transformar a cidade num mar de lava ardente. Os atemorizados habitantes de São Miguel colocaram a imagem de Nossa Senhora da Paz na porta principal da Catedral e no mesmo instante a forte corrente de lava mudou de direção, afastando-se da cidade. No ponto exato onde a lava mudou seu rumo há um povoado chamado "Milagro de la Paz". Isto ocorreu no dia 21 de setembro de 1787. Neste dia todos testemunharam que a fumaça que saia do vulcão formava uma palma. Vendo nisto um sinal da proteção da Virgem, o povo resolveu colocar em sua mão uma palma de ouro, semelhante a que contemplaram no céu.
A coroação canônica da imagem ocorreu no dia 21 de novembro de 1921. O ourives que confeccionou a coroa da Virgem empregou 650 gramas de ouro e muitas pedras preciosas, entre as quais se destaca uma grande esmeralda cercada de brilhantes. O novo templo dedicado a Nossa Senhora da Paz foi concluído em 1953.