Os bispos católicos de Minnesota (Estados Unidos) publicaram pautas que enfatizam a missão católica das escolas e o ensino doutrinal da Igreja sobre a verdadeira identidade sexual, e não uma baseada nos postulados da ideologia de gênero.

“A escola católica está comprometida em proporcionar um ambiente seguro que permita aos alunos prosperar academicamente, fisicamente e espiritualmente. As escolas católicas são obrigadas a fornecer uma educação e recursos coerentes com o ensino católico”, afirmam as pautas.

A educação católica tem como fundamento a "dignidade irrevogável dada por Deus a toda pessoa humana".

As pautas usam o termo "identidade sexual" de uma maneira que é sinônima de "sexo biológico" e afirmam que os estudantes das escolas católicas serão referidos por nomes e pronomes que reflitam sua identidade sexual.

Os alunos também poderão usar apenas essas instalações (como banheiros ou vestiários) e participar de esportes e atividades do próprio sexo, alinhado à sua identidade sexual, e não à identidade de gênero escolhida.

Referindo-se ao livro de Gênesis, ao Catecismo da Igreja Católica e ao Papa Francisco, esse documento afirma que Deus criou cada pessoa "à sua imagem", "homem e mulher os criou" e que "Deus usa o corpo para revelar a cada pessoa sua identidade sexual como homem ou mulher".

"O abraço de uma pessoa à sua identidade sexual dada por Deus é uma parte essencial de um relacionamento pleno com Deus, consigo mesmo e com os outros", diz o documento.

“As diferenças físicas, morais e espirituais entre homens e mulheres são iguais e complementares. O florescimento da vida familiar e da sociedade depende em parte de como essa complementaridade e igualdade são vividas”, acrescenta.

As pautas foram apresentadas de 20 a 21 de fevereiro durante um seminário para sacerdotes e educadores católicos na Arquidiocese de St. Paul e Minneapolis.

O documento explica que as escolas serão responsáveis ​​por comunicar suas políticas específicas sobre identidade sexual "a cada aluno de maneira respeitosa e coerente com a identidade sexual e o sexo biológico dados por Deus para cada estudante".

O documento de Minnesota vem um mês depois que Dom Thomas Paprocki emitiu diretrizes pastorais sobre o tema da "identidade de gênero" para a Diocese de Springfield, em Illinois.

As pautas são semelhantes às recomendações pastorais de Dom Paprocki, que assinalou que "a apresentação dessa verdade deve ser feita com amor", enquanto a diocese também deve comunicar políticas claras que refletem a fé da Igreja Católica.

Embora as pautas para várias dioceses já tenham sido publicadas, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) até agora não deu uma opinião sobre o assunto.

"A identidade de gênero é um tema que o comitê de educação começou a discutir, mas, neste momento, não há nada a publicar", disse Chieko Noguchi, diretor de assuntos públicos da USCCB, respondendo se planejam emitir pautas em nível nacional.

Noguchi acrescentou que, como as reuniões do comitê dos bispos são privadas, não pôde comentar se o prelado já começou a trabalhar em um documento sobre o assunto.

Segundo The Catholic Spirit, os bispos de Minnesota e a conferência católica do estado começaram a trabalhar nas diretrizes estaduais em 2015, quando o Papa Francisco começou a abordar a questão da identidade de gênero em suas encíclicas e exortações.

Os bispos do estado adotaram oficialmente as diretrizes em junho de 2019, no mesmo mês em que a Congregação para a Educação Católica do Vaticano publicou o documento “Homem e mulher os criou”, que denuncia a chamada teoria do gênero e afirma os princípios da dignidade humana, diferença e complementaridade.

A CNA – agência em inglês do Grupo ACI – perguntou à Arquidiocese de St. Paul e Minneapolis por que as pautas foram publicadas oito meses após sua adoção, mas não recebeu comentários até o momento da publicação.

O Bispo Auxiliar da Arquidiocese de St. Paul e Minneapolis, Dom Andrew Cozzens, disse na introdução do documento de Minnesota em fevereiro, que ele teve conversas pessoais com membros da família daqueles que se identificam como "transgêneros" e que ele sabe que o problema pode ser doloroso para os envolvidos, informou The Catholic Spirit.

“Muitas vezes, quando estamos com dor, procuramos respostas rápidas para essa dor e a cultura deseja fornecer respostas rápidas, mas sabemos que a resposta, em última análise, não traz cura. Uma das coisas que temos que fazer em nosso cuidado pastoral é estar dispostos a apoiar as pessoas que sofrem e caminhar com elas com o olhar posto no bem comum”, afirmou.

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De acordo com The Catholic Spirit, Dom Cozzens, que atua como vigário para a educação católica da arquidiocese, disse que com outros bispos do estado eles queriam fornecer "clareza prática" sobre este tema aos pais que enviam seus filhos para a escola católica e esperam que eles recebam os ensinamentos de acordo com a verdade da fé católica.

"Sabíamos que tínhamos que fazer isso de uma maneira que chamasse as pessoas para um padrão mais alto dessas verdades do que a nossa cultura atual, para ajudá-las a ir além da ideologia e conheçam a verdade de quem são", concluiu.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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