"Quando se pensa em herança, às vezes pensamos nos bens, e não no bem ", disse o papa Francisco na audiência geral de hoje (11), na Praça de São Pedro, no Vaticano. "O bem que é a maior herança que podemos deixar”.

Continuando com sua catequese sobre a velhice, o papa Francisco refletiu diante dos fiéis presentes na Praça de São Pedro sobre uma passagem do livro de Judite, “uma heroína bíblica”.

Francisco aproveitou o exemplo de Judite para exortar os velhos e os aposentados a viver plenamente sua última etapa de vida e explicou que "para muitos, a perspectiva da aposentadoria coincide com um merecido e desejado descanso de atividades exigentes e cansativas".

“Claro que há o compromisso, alegre e cansativo, de cuidar dos netos, e hoje os avós desempenham um papel muito importante na família para ajudar a criar os netos; mas sabemos que hoje em dia nascem cada vez menos filhos, e os pais estão frequentemente mais distantes, mais sujeitos a deslocamentos, com situações de trabalho e de habitação não favoráveis”, continuou.

O papa Francisco lamentou que “às vezes também mais relutantes em confiar aos avós espaços de educação, e só lhes concedem aqueles estritamente ligados à necessidade de assistência”.

“Para os avós, uma parte importante da sua vocação é ajudar os filhos na educação das crianças”, explicou o papa Francisco.

Segundo Francisco, “os pequeninos aprendem a força da ternura e o respeito pela fragilidade: lições insubstituíveis que, com os avós, são mais fáceis de transmitir e de receber. Os avós, por sua vez, aprendem que a ternura e a fragilidade não são apenas sinais de declínio: para os jovens, constituem passagens que humanizam o futuro”.

Em seguida, Francisco explicou que “quando se pensa em herança, às vezes pensamos nos bens, e não no bem que se pratica na velhice e que foi semeado, aquele bem que é a maior herança que podemos deixar”.

“Na velhice, perde-se um pouco da vista, mas o olhar interior torna-se mais penetrante: vê-se com o coração. Torna-se capaz de ver coisas que antes passavam despercebidas”, disse Francisco.

Além disso, afirmou que “o Senhor não confia os seus talentos apenas aos jovens e aos fortes: tem talentos para todos, à medida de cada um, também para os idosos. A vida das nossas comunidades deve saber desfrutar dos talentos e carismas de tantos idosos que no registo civil já estão aposentados, mas que são uma riqueza a valorizar”.

“Isto requer, da parte dos próprios idosos, uma atenção criativa, uma atenção nova, uma disponibilidade generosa. As antigas habilidades da vida ativa perdem a sua parte de constrangimento, tornando-se recursos de doação: ensinar, aconselhar, construir, cuidar, ouvir...”, disse o papa Francisco.

O papa recomendou ler o livro de Judite, do Antigo Testamento, “esta história de uma mulher corajosa que acaba assim, com ternura, com generosidade, uma mulher à altura. Assim gostaria que fossem as nossas avós.”

Ardente desejo de paz

Depois da catequese, o papa Francisco saudou os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aqueles que durante estes dias se dirigem ao Santuário de Fátima, “levando a Nossa Senhora as alegrias e as preocupações dos seus corações”.

“Unidos a esses nossos irmãos, também nós confiamos o ardente desejo de paz no mundo à Virgem Maria, que a todos envolve com seu olhar materno”, concluiu.

Saudações ao povo do Sri Lanka

O papa Francisco enviou uma saudação especial “ao povo do Sri Lanka, em particular aos jovens, que nos últimos tempos fizeram ouvir o seu clamor face aos desafios e problemas sociais e económicos do país”.

“Uno-me àquelas autoridades religiosas para exortar todas as partes em causa a manter uma atitude pacífica, sem ceder à violência. Apelo a quantos têm responsabilidades para que ouçam as aspirações do povo, assegurando o pleno respeito pelos direitos humanos e liberdades civis”, pediu o papa.

No final da audiência geral, Francisco pediu desculpas: “hoje não poderei chegar até vocês, devido ao meu joelho, que ainda está ruim. Vocês terão que caminhar um pouco em minha direção, e eu os receberei com a mão no coração”.

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