O papa Francisco transformou a fundação pontifícia Scholas Occurrentes em uma “associação privada de fiéis”.

Em um quirógrafo, decreto pontifício da própria mão do papa assinado em 19 de março, mas divulgado só ontem (17) pela Santa Sé, o papa disse que, como "a Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes hoje continua expandindo sua ação caritativa e se estruturando como comunidade de comunidades e movimento educacional de caráter internacional, exige uma nova forma jurídica em conformidade com essa nova realidade”.

O documento assinado pelo papa diz que “Scholas Occurrentes tem suas raízes nos programas 'Escuelas de vecinos' e 'Escuelas hermanas' desenvolvidos na cidade de Buenos Aires, por iniciativa do então arcebispo, cardeal Jorge Mario Bergoglio e cresce continuamente, sendo hoje uma imensa rede mundial de escolas que compartilham seus bens, tendo objetivos comuns, com atenção especial àquelas com menos recursos”.

“Adquirindo personalidade jurídica de direito civil, na Espanha, como Fundação sem fins lucrativos, e em rápida expansão em mais de setenta países, nos cinco continentes (...) foi reconhecida como ‘fundação pia autônoma’ de direito pontifício e erigida como pessoa jurídica privada dentro do ordenamento canônico, na Solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria, em 15 de agosto do ano 2015”.

“Fazendo eco ao pedido amadurecido por seus fundadores, expresso minha aprovação para que a Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes se torne uma Associação Privada de Fiéis de natureza internacional”, disse o papa Francisco.

Ao longo de seus anos de fun ionamento, a agora associação privada de fiéis gerou muita controvérsia.

Scholas Occurrentes recebeu milhões de dólares em doações, mas não construiu uma única escola em todo o mundo. Em vez disso, instalou escritórios como sede e fez acordos para estar presente em outros centros educacionais de nível escolar e superior.

Em relatórios que não estão nos documentos financeiros publicados oficialmente, mas a que ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, teve acesso, consta que Scholas Occurrentes destinou milhões de dólares para pagamento de taxas e centenas de milhares para a manutenção de seus escritórios e as viagens de seus funcionários.

Só em 2016, Scholas Occurrentes na Argentina gastou quase US$ 5,2 milhões “honorários profissionais” e US$ 1 milhão em “honorários temporários”.

Cerca de meio milhão de dólares foram utilizados para “salários e encargos sociais”.

Naquele ano, mais de US$ 300 mil foram gastos em “aluguel de escritórios” e uma quantia similar foi usada para despesas de “telefonia móvel”.

Em seu "Relatório Resumido de 31 de dezembro de 2017", que também não pode ser encontrado entre os documentos publicados em seu site, Scholas Occurrentes destinou 903 mil euros a “despesas de viagem” em 2016 e mais de 912 mil euros em 2017.

ACI Prensa entrou em contato várias vezes com a Scholas Occurrentes para saber a sua versão do uso do dinheiro, sem obter resposta.

Em 2020, por causa de seu projeto "Universidade do Sentido", Scholas Occurrentes convidou como palestrantes conhecidos promotores da legalização do aborto e da ideologia de gênero no mundo.

Desde 2015, com o emblema de Scholas Occurrentes e com a imagem do papa Francisco, distribuiu em dezenas de países da América Latina a coleção de livros para crianças " Com Francisco ao meu lado", cujo conteúdo contém ideologia de gênero.

No sábado, 7 de maio deste ano, o papa Francisco nomeou Enrique Adolfo Palmeyro e José María del Corral, diretores mundiais de Scholas Occurrentes, consultores da Congregação para a Educação Católica.

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