Um desenho baseado em uma sessão de escuta diocesana do Sínodo da Sinodalidade para universitários da Filadélfia, EUA, gerou controvérsia ao ser publicada nas mídias sociais da Santa Sé. Os organizadores americanos da sessão de escuta agora estão analisando a acusação de que os desenhos distorcem o que aconteceu durante a escuta para retratar estudantes defendendo posições contrárias à doutrina da Igreja.

O sínodo dos universitários foi parte da fase diocesana do Sínodo da Sinodalidade convocado pelo papa Francisco. À fase diocesana, já encerrada, segue-se uma discussão continental. Em outubro de 2023, os bispos se reúnem no Vaticano para a fase final do sínodo.

“Achamos que deturpou o que estávamos defendendo”, disse o estudante Sean Smith, membro Catholic Newman Center (Centro Católico Newman) da Universidade West Chester à CNA, agência m inglês do grupo ACI em 30 de setembro. “A artista nos pôs num ponto em que parece que estamos falando as crenças que estão no desenho. Nada daquilo é uma crença que partilhamos.”

Smith participou com outros universitários de uma sessão do Sínodo de Educação Superior Católica da Filadélfia. Eram cerca de 400 participantes de 11 faculdades ou universidades católicas e três centros católicos de universidades não católicas. O relatório final do sínodo incluiu vários desenhos.

Um dos desenhos resume o sínodo. Tendo como pano de fundo prédios reconhecíveis de Filadélfia, a imagem traz um resumo estatístico do encontro: 48 sessões de escuta em 14 universidades, 28 sessões inter-raciais e 27 encontros inter-religiosos.

Várias opiniões são escritas em letra cursiva em toda a imagem. O desenho retrata também, de modo realista, seis jovens durante uma sessão do sínodo. Eles são identificados com os dizeres “muçulmana”, “estudante do primeiro ano de educação”, “especialista em física”, “líder do CLC”, “estudante de pós-graduação” e “queer”, uma das denominações de opção sexual inventada pela ideologia de gênero.

Smith objetou que o desenho usa enganosamente a imagem dele e de colegas na cena retratada como se eles estivessem defendendo as opiniões escritas no desenho. Smith é o estudante retratado com uma cruz no pescoço e segurando um microfone. Ele está identificado como líder da Comunidade de Vida Cristã, uma associação de leigos ligada aos jesuítas da qual Smith diz não fazer parte.

“O desenho do sínodo não nos representa corretamente como católicos praticantes. A artista retratou quatro de nós com identidades falsas, aparentemente para se encaixar em uma agenda mais inclusiva e distorcida”, disse Smith à CNA.

“A mulher rotulada como queer é uma mulher heterossexual que aceita a doutrina da Igreja sobre sexualidade”, disse Smith à CNA. Queer é uma das opções sexuais inventadas pelos defensores da ideologia de gênero, a militância política baseada na teoria de que a sexualidade humana independe do sexo e se manifesta em gêneros muito mais variados do que homem e mulher.

Para Smith, “o desenho distorce a verdade” do que foram os encontros.

Smith disse que ele e seus colegas estavam “tentando representar a verdade” e queria dizer que os jovens gostariam que o clero “compartilhasse a verdade encontrada nas Escrituras”.

“Há muita confusão na Igreja em relação ao clero e visões opostas entre bispos progressistas e bispos conservadores”, disse ele. “O que estou procurando é uma voz unificadora.”

Na opinião de Smith, a discussão na reunião do sínodo entre universitários refletiu as pressões culturais, incluindo a discussão sobre a homossexualidade. Ele disse que o evento “começou falando sobre mulheres diaconisas e mais representação na Igreja e no clero”.

Maureen O'Connell, porta-voz da equipe do sínodo local, disse que os organizadores do sínodo ficaram “alarmados e incomodados” ao saber das queixas dos estudantes.

“Trabalhamos muito como equipe para garantir que realmente se ouvissem os estudantes ativamente e bem”, disse ela à CNA em 4 de outubro. “Saber que alguns deles sentem que isso não aconteceu, ou que aconteceu de uma maneira que na verdade foi prejudicial, é obviamente uma preocupação real para nós.”

O padre Tom Gardner, capelão da West Chester University Newman Center, concorda com as queixas dos estudantes. Ele disse que era importante esclarecer que os representados na arte não estavam expressando as opiniões “que foram, pelo menos, implicitamente expressas na pintura”.

“Eles ficaram magoados porque foram apresentados em uma pintura que apresentava uma agenda que não estava de acordo com o que eles disseram”, disse ele à CNA.

O'Connell disse que, em seu entendimento, a artista usou uma imagem da reunião entre campus para tentar "comunicar a demografia mais ampla dos 400 alunos".

“Nossa intenção era que a arte expandisse a conversa, não contraísse a conversa. A arte abre espaço para múltiplas interpretações”, disse O'Connell, professora associada de ética cristã na Universidade La Salle, na Filadélfia. “Ouvir que houve estudantes que se sentem como se tivessem sido deturpados é motivo de preocupação real.”

Outras obras de arte do relatório do Sínodo incluíam uma foto de uma “sacerdote mulher” que atraiu comentários e críticas quando foi publicada pelo Sínodo dos Bispos nas mídias sociais, uma vez que a Igreja Católica rejeita como impossível a ordenação de mulheres como padres.

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Os organizadores do Sínodo disseram que encomendaram a obra de arte de Becky McIntyre, ex-aluna da St. Joseph's University, porque ela se compromete com a Igreja e tem “uma profunda compreensão das artes e da dignidade humana e do bem comum.”

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