Se os torcedores da Copa do Mundo do Qatar acharam ruim não poder beber cerveja nos estádios de futebol, os padres que atuam no país têm uma vida muito mais difícil.

O Islã proíbe o álcool e, assim, o padre depende de um cartão especial emitido pelo governo para comprar o vinho da missa. O cartão permite comprar vinho em um único local.

Mas não é só essa restrição que os católicos têm que enfrentar. Padre Charbel Mhanna, que há nove anos serve aos cristãos maronitas no Qatar, contou à ACI Mena, agência do grupo ACI para o Oriente Médio e Norte da África, o que tem que fazer para evitar infringir o código penal que pune a prática púbica de outras religiões que não o Islã.

“Não é possível pregar ou conceder o sacramento do batismo aos descendentes de não cristãos ou converter de uma religião para outra”, disse o padre maronita.

Segundo Mhanna, não é permitida a celebração de missas ou procissões fora do Complexo Religioso do Qatar. As cópias da Bíblia "só podem ser distribuídas dentro do campus do complexo da igreja", disse o padre.

Há 14 anos esse espaço abriga os templos de seis denominações cristãs: católica romana, anglicana, ortodoxa síria, ortodoxa grega, ortodoxa copta e uma comunidade de cristãos expatriados indianos. As igrejas não podem ter sinos ou cruzes na fachada.

No Qatar, os padres católicos só podem celebrar casamentos em que os noivos sejam cristãos.

“Se um cristão quer se casar com uma muçulmana, não pode se casar em nossa igreja. Normalmente, nós os convidamos a se casar em outro país”, disse o padre Mhanna.

Apesar dessas restrições, o padre maronita disse que existem certas atividades religiosas que ele pode fazer fora do complexo religioso do Qatar, por exemplo, podem levar "a Comunhão eucarística aos pacientes nos hospitais sem nenhum problema". “Podemos rezar nos cemitérios, pois existem sepulturas para não-muçulmanos”, disse.

Por fim, Mhanna contou que pôde assistir à abertura da Copa do Mundo junto com outros líderes cristãos do Complexo Religioso do Qatar.

“Sentamos perto das cadeiras reservadas ao Ministério das Relações Exteriores e os representantes da igreja usaram cruzes peitorais sem nenhum problema”, disse ele.

Por enquanto, padre Mhanna se reúne com a comunidade maronita na Igreja Nossa Senhora do Rosário, a primeira igreja católica construída no Qatar. No entanto, já está em construção a Igreja Maronita de São Charbel, que terá capacidade para 1,5 mil pessoas.

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