WASHINGTON DC, 21 de mai de 2007 às 07:17
Norma McCorvey, a mulher cujo caso serve para legalizar o aborto a pedido nos Estados Unidos há 34 anos, assegurou em uma entrevista ao semanário Alba que se as mulheres conhecessem a verdade sobre o aborto, jamais considerariam submeter-se a ele e denunciou que ainda hoje segue sofrendo a manipulação de quão feministas a usaram em 1973.
O caso
A inícios de 1970, Norma McCorvey alegou que tinha sido violada por uma turma e ficou grávida. As advogadas Sarah Weddington e Linda Coffee, recém graduadas da Faculdade de Leis da Universidade do Texas, necessitavam de uma "cliente" para poder atacar a lei que há 100 anos proibia o aborto nesse estado. Elas convenceram Norma que deveria procurar um aborto em lugar de tramitar a adoção para seu bebê.
Litigou-se várias vezes até que finalmente o caso chegou a Corte Suprema e a decisão desta em 1973 legalizou o aborto nos 50 estados do EUA.
Enquanto se litigava o caso, a bebê de McCorvey nasceu e foi dada em adoção. Em 1987, McCorvey admitiu que não tivesse sido violada e que o pai de seu bebê era uma pessoa a que ela conhecia. O relato dos bandidos que a violaram era mentira. Há alguns anos, McCorvey se converteu ao catolicismo e agora se dedica a promover a defesa dos não nascidos.
O testemunho
Em entrevista ao semanário Alba, McCorvey recordou que estando grávida por terceira vez, estava a favor do aborto, mas não sabia nada do mesmo, mais ainda quando se sentia seriamente utilizada pelas advogadas Weddington e Coffe que fizeram de seu caso uma bandeira política.
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"Senti-me muito utilizada pelos pró abortistas, mas ainda me sigo sentindo utilizada hoje em dia. Nunca cheguei a abortar; levei a menina a término. Pesou 8 libras e media 21 polegadas e a entreguei em adoção. A enfermeira me trouxe para meu bebê, mas quando se deu conta de que a tinha dado em adoção a levou; eu me deprimi e fiquei estirado sobre o chão por duas horas", adiciona.
Em 22 de janeiro de 1973 a Corte Suprema resolve o direito ao aborto das mulheres americanas. Após, todos os 22 de janeiro McCorvey se trancava em seu quarto. "Não me importava se havia alguém mais comigo em casa. Estive dando quedas, embebedava-me e tomava muitíssimos remédios para me manter em pé. Comecei 16 anos de depressão enganchada a uma garrafa de vodca", indica.
Em relação às mentiras que as abortistas utilizaram em seu caso, a agora pró-vida indica que "as duas advogadas me disseram que seria uma boa coisa que as mulheres pudessem escolher se tiver a criança ou não; e eu então pensava o mesmo".
Em que pese a trabalhar em uma clínica abortista desde 1991, as fortes somas de dinheiro que terminavam nos bolsos dos doutores e o desprezo da medicina que os advogados abortistas mostravam lhe decepcionaram profundamente. O encontro com sua filha grávida também foi importante para sua conversão, já que ela queria que nascesse seu neto. "Agora tenho dois netos, George e Floyd, e são o amor de minha vida", assinala feliz.
Em 15 de junho de 1998, Norma anunciou publicamente sua intenção de ser batizada na Igreja católica."Sim, agora sou claramente pró vida e católica por cento e se uma mulher me disser que vai abortar lhe diria que falasse com seu coração e seu sacerdote; depois, que procure uma mulher que já tenha abortado e que lhe pergunte que tal foi", anota.
A conversão de McCorvey foi a razão de que a organização que ela tinha baseado, Roe no Morre convertesse em Crossing Over Ministry, para simbolizar o cruzamento a uma nova vida. "Trato com muitas mulheres que abortaram e que agora conhecem senhor e se converteram. Todas me dizem o mesmo há vários anos: Norma, se soubéssemos agora o que sabemos agora, nunca teríamos abortado", conclui.