O presidente da Conferência Episcopal Equatoriana, Dom Néstor Herrera, saiu ao passo das declarações de um dirigente indígena que criticou ao Papa Bento XVI por sua mensagem sobre a primeira evangelização no Brasil. O Bispo recordou todos os líderes indígenas de seu país, que receberam formação graças à Igreja Católica.

"Esta declaração não me chama a atenção, dada o alinhamento política destas dirigências indígenas", indicou Dom Herrera e considerou que dá a impressão de que quer esquecer que a Igreja Católica foi a propulsora de sua libertação".

O Bispo recordou que "muitos membros da Igreja defendemos o direito dos povos indígenas a serem donos de seu destino"  e assegurou que "os atuais dirigentes sociais e políticos dos indígenas foram formados pela Igreja".

Do mesmo modo, esclareceu que "o Santo Padre falava para Bispos, em uma perspectiva profunda da história, em um plano teológico, que não deixa de ponderar a importância das 'ricas tradições religiosas' dos antepassados indígenas. Assinala o Papa que não se tratou da 'imposição de uma cultura estranha', porque ninguém pode chegar à fé por via de imposição e o Evangelho está por cima das culturas".

"No plano concreto da história, o mesmo Santo Padre deplorou muitas vezes as sombras e as injustiças que registra o passado. Mas se chegou a tudo caso à 'riqueza de diversidades' aberta ao autêntico progresso. Não podemos nos fixar somente nas sombras. Há muito mais luz que sombras, do começo da evangelização na América, onde o autêntico sentido cristão de muitos foi o primeiro e constante defensor dos indígenas", recordou.

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As declarações

Humberto Cholango, presidente da organização indígena equatoriana Ecuarunari, rechaçou a mensagem do Papa Bento XVI no Brasil  e disse que "não é concebível que em pleno século XXI, ainda se acredite que só pode ser concebido como Deus um ser definido como tal na Europa".

Cholango acusou ao Papa de desconhecer que a Espanha colonizou a América mediante "magnicidios" e "genocídios", com a "cumplicidade da Igreja Católica". "Embora o Estado Espanhol e o Vaticano não podem ressarcir as conseqüências do monstruoso genocídio, o Chefe da Igreja Católica deveria ao menos reconhecer o engano cometido, como o fizesse seu antecessor João Paulo II em relação com o Holocausto Nazista", indicou, aparentemente confundindo o histórico pedido de perdão do falecido Pontífice pelos enganos dos filhos da Igreja.

Cholango se solidarizou em troca com os presidentes da Bolívia, Evo Morais; Venezuela, Hugo Chávez e Cuba, Fidel Castro, a quem qualifica como "humanistas dedicados a lutar pela vida digna".