APARECIDA, 31 de mai de 2007 às 00:10
A Doutora Ilva Myriam Hoyos, Professora de Direito na Universidade de La Savana, Bogotá (Colômbia), advertiu que existe uma conjuração na América Latina que busca "não somente uma mudança de legislação mas sim uma mudança de mentalidade" para que os latino-americanos aceitem o aborto, a eutanásia e demais atentados contra a vida.
Em entrevista concedida ao ACI Digital, a Dra. Hoyos, participante da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, explicou que atualmente no continente "o que se está minando são as consciências. está-se extrapolando umas ideologias forâneas que pretendem abalar, afiançar uma cultura da morte para ir gerando entre nós não somente uma mudança de legislação mas sim uma mudança de mentalidade".
"Por isso, a urgência da reflexão sobre a vida e a família adquirem nesta V Conferência um caráter especialmente significativo. O trabalho pastoral que exerçam os bispos tem que estar encaminhada em defender a vida e também o compromisso e a responsabilidade que temos os laicos para evitar que se siga ampliando essa legislação negativa da vida e da família, e que implique por exemplo a conformação de redes de laicos em toda a América Latina, que acreditam uma causa comum, que não nos deixemos abandonar nem censurar pelo fato de ser católicos", precisou.
Relativização do bem
"Se não acreditarem –prosseguiu a Dra. Hoyos– em um fundamento e não aceitamos uma verdade de caráter absoluto, tampouco aceitamos a existência do bem. O bem cada quem agora o considera como seu próprio bem, como a apreciação subjetiva do bem. Negada a verdade ficam verdades relativas, negado o bem ficam bens relativos, e o que floresce? O que aparece como um elemento significativo na vida da sociedade? O direito que passou a substituir à religião, passou a substituir à filosofia, à ética, é por isso que hoje em dia todas as grandes mudanças que querem fazer em torno desta temática se fazem a partir de uma consideração jurídica".
Em nossos dias, "determinou ações anteriormente consideradas como contrárias a uma ordem jurídica, como contrárias à moral, como contrárias aos bons costumes, ações que eram consideradas como delitos hoje passam a ser consideradas como direito", denunciou Hoyos.
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Ao falar do trabalho da Igreja Católica, a especialista colombiana no tema da defesa da vida particularizou que excluí-la "ou manifestar que seu âmbito de aplicação somente corresponde ao que é o trabalho pastoral que exerce no âmbito da missa dominical ou no âmbito dos sacramentos é reduzir o papel de protagonista que tem a Igreja em defesa da causa do ser humano e isto a sua vez tem sua razão de ser dentro de uma mentalidade que pretende desconhecer o valor da boa nova que tem que dar a Igreja em torno da vida, que pretende desconhecer a credibilidade da Igreja em defender a causa da vida e da família".
"Portanto não podemos ceder ante o jogo que querem muitos de sossegar à Igreja, porque sossegar à Igreja, que é a que se apresentou como a defensora dos fracos, como a defensora desses rostos que não queremos ver no concebido mas não nascido, esses rostos que não queremos ver no doente terminal, desses rostos que não queremos ver nas crianças; toda essa consideração de querer reduzir o âmbito de ação da Igreja, afeta também um direito fundamental que é a liberdade da Igreja e o direito de liberdade religiosa", adicionou.
Estudo jurídico na AL
Depois de comentar que o Pontifício Conselho para a Família lhe solicitou fazer uma investigação que leva como título "Vida, Matrimônio e Família na América Latina, situação Jurídica" que os bispos na V Conferência Geral puderam consultar, a perita indicou que "o aborto que é um dos temas que está mudando vertiginosamente a legislação na América Latina, embora ainda temos que reconhecer que em alguns estados segue tipificado como delito sem exceção alguma, como é o caso de El Salvador, Honduras, Chile, Nicarágua, Uruguai, Paraguai e República Dominicana".
Tal estudou permitiu à Dra. Hoyos concluir que com o caso da Colômbia no ano 2006 se "ampliou o grupo dos países que têm legalizado parcialmente o aborto, antes dessa decisão de 10 de maio de 2006 eram Cuba e Porto Rico" e com "a decisão que se adotou a finais do mês de abril no estado do México em onde também se estabelece uma legislação amplíssima em torno do tema do aborto, e vários estados, entre outros o Brasil, estão discutindo neste momento uma legislação também ampla" sobre o tema.