RIO DE JANEIRO, 27 de jun de 2007 às 07:22
O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assegurou esta semana que em seu país se praticam mais de um milhão de abortos clandestinos por ano, como parte de sua estratégia para impulsionar a legalização deste procedimento no país.
Temporão, que reconheceu o aborto legal como parte de sua agenda, apresentou-se na segunda-feira em um foro organizado pelo jornal Folha de São Paulo durante o qual quadriplicou as estimativas oficiais de seu Ministério sobre a prática do aborto ilegal.
Há alguns dias, o Ministério da Saúde, com o apoio da transnacional abortista Internacional Planned Parenthood Federation (IPPF), publicou um estudo segundo o qual a cada ano são atendidas 230 mil mulheres ao ano nos serviços de saúde públicos por complicações de abortos clandestinos.
Entretanto, Temporão disse que a cifra de abortos clandestinos no país supera o milhão de casos, citando um polêmico relatório da Universidade Estatal do Rio de Janeiro e não os números do Ministério.
Temporão insistiu que o aborto é um "problema de saúde pública" para o Brasil. "Eu não admito que digam que o aborto não é um problema de saúde pública", afirmou e adicionou que "se considerarmos que o aborto é um crime, todos nos dias 780 mulheres teriam que ser presas, sem contar seus médicos e, eventualmente, seus companheiros".
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O Ministro defendeu o aborto até a 12ª semana de gestação e sustenta que só desde esse momento deveria haver proteção jurídica para o feto. "Até ali, não há consciência de sofrimento ou dor", argüiu.
Como parte da ofensiva controladora, Temporão também antecipou a inclusão da pílula do dia seguinte no programa nacional de planejamento familiar.
Atualmente, o aborto é legal no Brasil em casos de violação e risco de vida para a mãe, mas há projetos legislativos que procuram ampliar estes motivos.
Caso argentino
Segundo os mesmos analistas, Temporão poderia estar emulando seu colega Ginés González, Ministro da Saúde da Argentina, quem há alguns meses mentiu à opinião pública ao dizer que em seu país se praticam 500 mil abortos clandestinos ao ano sem nenhum respaldo oficial. Logo depois de uma demanda cercada por uma organização pró-vida, um fiscal argentino admitiu que González mentiu mas não incorreu em delito.