VATICANO, 29 de ago de 2007 às 10:21
Ao abordar a vida de São Gregório de Niza durante a audiência geral de quarta-feira, o Papa Bento XVI assinalou que a plena realização do homem consiste na santidade, em uma vida vivida em amizade com Deus.
O Pontífice assinalou que logo depois de falar anteriormente de dois grandes doutores da Igreja do século IV, Basílio e Gregório Nacianceno, dedica esta catequese ao irmão de São Basílio, Gregório de Niza, "um homem de caráter meditativo, com grande capacidade de reflexão e de uma vivaz inteligência" que nasceu por volta de 335.
Depois de relatar os longos estudos do santo sob o auspício de seu irmão Basílio, o Santo Padre recordou que Gregório foi nomeado Bispo de Niza, de onde combateu, como seus coetâneos, as heresias do momento.
"Como ‘coluna da ortodoxia’, foi um protagonista do Concílio de Constantinopla de 381, que definiu a divindade do Espírito Santo", explicou o Papa.
"Gregório expressa com clareza a finalidade de seus estudos, o fim supremo ao que olha em seu trabalho de teólogo: não empregar a vida em coisas vãs, mas sim encontrar a luz que permita discernir aquilo que é verdadeiramente útil. Encontrou este bem supremo no cristianismo, graças ao qual é possível ‘a imitação da natureza divina’".
Bento XVI destacou também que Gregório de Niza "comentou a Sagrada Escritura, detendo-se na criação do homem. Isto era para ele o tema central: a criação. Ele via na criatura o reflexo do Criador e encontrava nela o caminho para Deus".
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Gregório escreveu também um livro sobre Moisés "a quem apresenta como homem em caminho para Deus: esta ascensão ao Monte Sinai se converte para ele em uma imagem de nossa ascensão na vida humana para a verdadeira vida, para o encontro com Deus", explicou o Papa.
O Santo Padre assinalou que toda a teologia de Gregório de Niza "não era uma reflexão acadêmica, mas sim expressão de uma vida espiritual, de uma vida de fé vivida... Comentando a criação do homem, Gregório põe em evidência que Deus, ‘o melhor dos artistas, forja nossa natureza de maneira a fazê-la para o exercício da realização. Através da superioridade estabelecida da alma, e por meio da mesma conformação do corpo, Ele dispõe as coisas de modo que o homem seja realmente idôneo para o poder real’".
E o Papa sugere: "meditemos este elogio do homem. Vejamos também como o homem é degradado pelo pecado. E busquemos retornar à grandeza original: só se Deus está presente, o homem alcança sua verdadeira grandeza".
"Portanto – prosseguiu- lavar as fealdades que se depositaram em nosso coração é reencontrar em nós mesmos a luz de Deus".
"O homem tem como fim a contemplação de Deus. Só nela poderá encontrar sua plenitude. Para antecipar de alguma maneira tal objetivo já nesta vida, deve progredir incessantemente para uma vida espiritual, uma vida em diálogo com Deus. Em outras palavras, a plena realização do homem consiste na santidade, em uma vida vivida no encontro com Deus, que assim se torna luminosa inclusive para os outros, e também para o mundo", concluiu o Papa.