VATICANO, 28 de out de 2007 às 13:07
O Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, qualificou de "histórica" a beatificação mais numerosa da história da Igreja, logo depois de proclamar beatos da Igreja a 498 "mártires do Século XX na Espanha".
Durante o evento celebrado na Praça São Pedro com a participação de 1.500 sacerdotes e mais de 40.000 peregrinos espanhóis, entre eles 2.500 familiares dos mártires.
A cerimônia de beatificação propriamente começou com a petição formal do Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio Maria Rouco Varela, a cuja Arquidiocese pertence o maior número de mártires. "Foram fortes quando foram maltratados e torturados. Perdoaram a seus verdugos e rezaram por eles".
Depois, os Bispos de Barcelona, Burgos, Toledo, Cuenca, Ciudad Real, Mérida-Badajoz, Madrid, Oviedo, Jaén, Santander, Cartagena e Gerona enumeraram as causas de sua diocese.
Da fachada da Basílica de São Pedro pendia uma tapeçaria de grande tamanho com a foto de todos os beatos, sobre as quais destacava o logotipo da beatificação, que inclui uma cruz vermelha no centro.
O Cardeal Saraiva Martins leu em espanhol a Carta Apostólica com a qual o Papa inscreve os mártires no livro dos beatos às 10.22 a.m. –hora de Roma- em meio a estrondosos aplausos e um ondear de bandeiras espanholas.
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O Papa Bento XVI ordenou que os beatos sejam celebrados pela Igreja Católica em 6 de novembro.
Durante a emotiva homilia, interrompida pelos aplausos dos fiéis, o Cardeal Saraiva Martins ressaltou que os 498 mártires -entre os que se incluem dois mexicanos, um cubano e dois franceses- "derramaram seu sangue pela fé durante a perseguição religiosa na Espanha" e recordou que o mais jovem tinha 16 anos e o maior 71 e que antes de morrer "perdoaram a quem perseguia e rezaram por eles".
"Os mártires –prosseguiu- "não são patrimônio exclusivo de uma diocese ou nação, mas sim de toda a Igreja", algo especialmente necessário de recordar nestes dias nos que "a identidade dos cristãos está constantemente ameaçada e isto significa que eles ou são mártires, quer dizer aderem a sua fé batismal em modo coerente, ou se adaptam".
"Que mensagem transmite hoje os mártires?’, perguntou-se o Cardeal português. "É uma mensagem de amor e coerência, que com voz muito alta dizem que todos os cristãos estão chamados à santidade".
"Por isso, ser cristãos coerentes impõe contribuir ao bem comum da sociedade, defendendo nossas convicções sobre a dignidade da pessoa, a vida da concepção até a morte natural, a família fundamentada na união matrimonial indissolúvel entre um homem e uma mulher e o direito e dever primário dos pais à educação dos filhos", adicionou o Cardeal, suscitando uma salva de palmas.
Os beatos proclamados são dois bispos (de Ciudad Real y Cuenca), 24 sacerdotes diocesanos, 462 membros de Institutos de Vida Consagrada, um diácono, um subdiácono, um seminarista e sete laicos.