Ao apresentar este manhã no Vaticano a "Nota Doutrinal a respeito de alguns aspectos da Evangelização", da Congregação para a Doutrina da Fé, seu Secretário, o Arcebispo Angelo Amato, assinalou que "é tarefa prioritária da Igreja conduzir aos seres humanos à amizade com o Jesus Cristo" e que "o devido respeito das sensibilidades diversas e das respectivas tradições não pode evitar nem a exigência da liberdade nem a da verdade".

Na conferência de imprensa de apresentação do documento estiveram presentes os cardeais Cardeal William Joseph Llevada, Francis Arinze e Ivan Dias, respectivamente prefeitos das Congregações para a Doutrina da Fé, o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e para a Evangelização dos Povos.

O Cardeal Llevada explicou que o tema deste documento, a evangelização, responde "à análise de certa confusão concernente à interrogante de se os católicos devem dar testemunho da própria fé em Cristo". Neste sentido, a Congregação, disse, examinou "alguns pontos específicos que parecem escavar a realização do mandato missionário de Cristo" e que se agrupam em três apartados: implicações antropológicas, eclesiológicas e ecumênicas da evangelização.

A seguir o Arcebispo Amato recordou em sua intervenção que a Nota "afirma que evangelizar significa não somente ensinar uma doutrina mas sim anunciar ao Senhor Jesus com palavras e ações, quer dizer fazer-se instrumento de sua presença e de sua ação no mundo".

"É tarefa prioritária da Igreja –adicionou– conduzir aos seres humanos à amizade com o Jesus Cristo na liberdade e o respeito da consciência alheia. O devido respeito das sensibilidades diversas e das respectivas tradições não pode evitar nem a exigência da liberdade nem a da verdade, que são os orçamentos insubstituíveis de qualquer forma de diálogo".

Evangelização na África

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Por sua parte, o Cardeal Arinze fez algumas observações sobre a evangelização nas regiões do África subsaariana, onde a Religião Tradicional Africana "foi durante séculos o contexto religioso e cultural dominante, e deste contexto -assegurou- provém à maior parte das pessoas que se converteram ao cristianismo nos duzentos últimos anos".

"Compartilhar nossa fé católica com quem não conhece ainda a Cristo –afirmou– se deve considerar uma obra de amor, sempre que se realize no pleno respeito de sua dignidade e liberdade humanas. Se um cristão não tratasse de difundir o Evangelho compartilhando o perfeito conhecimento de Jesus Cristo com outros, poderíamos pensar que não esteja plenamente convencido de sua fé, ou que devido a seu egoísmo e preguiça, não deseje compartilhar com seu próximo os copiosos e abundantes meios de salvação".

Evangelização e Ásia

Por sua parte, o Cardeal índio Ivan Dias comentou a Nota de uma "perspectiva teológica asiática" e destacou que "a evangelização em um contexto de pluralismo religioso não é uma novidade para a Igreja", mas que em nossos tempos "supõe uma provocação particular já que vivemos em uma época em que pessoas de distintas religiões se encontram e interatuam mais que em nenhum outro período da história da humanidade".

Frente a uma gama de tradições religiosas tão vasta como a do moderado asiático, disse o Cardeal, "os cristãos devem tentar descobrir a ação do Espírito Santo –quer dizer a semente da verdade como as chamou o Concílio Vaticano II– e as levar, sem nenhum complexo de superioridade, ao pleno conhecimento da verdade em Jesus Cristo".

Referindo-se finalmente à evangelização mediante o diálogo inter-religioso, o Cardeal afirmou que "as outras religiões constituem um desafio positivo para a Igreja" porque "estimulam-na tanto a descobrir e reconhecer os sinais da presença de Cristo e da ação do Espírito, como a aprofundar sua própria identidade e a testemunhar a integridade da revelação, da que é depositária pelo bem de todos".