RIO DE JANEIRO, 12 de out de 2004 às 15:26
Em uma entrevista à ACI Imprensa durante sua recente visita ao Brasil, o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Paul Poupard, assinalou que o diálogo com a cultura requer primeiro reafirmar a própria identidade católica.
O Cardeal francês, que presidiu uma série de encontros com centros culturais católicos em diversas cidades do Brasil, assinalou à ACI Imprensa que “para dialogar com o outro requer-se ser a gente mesmo”. O diálogo é um intercâmbio entre duas pessoas; cada um tem suas convicções, e o diálogo permite a cada um entender quais são as convicções do outro, e isto em todos os campos da cultura”.
“Para nossa identidade católica a referência fundamental é Jesus Cristo que, como diz o Concílio Vaticano II na Gaudium et Spes, é o arquétipo do homem”, acrescentou o Cardeal.
“Esta –adicionou- é a base sobre a qual dialogamos: que Jesus Cristo é aquele em quem se realiza a plenitude da vocação do homem. E … somos membros da Igreja católica, e onde quer que estejamos sempre estamos ligados a um bispo, que está ligado ao Papa, sucessor de Pedro”.
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O Cardeal Poupard destacou a importância que tem a unidade católica da América Latina que “vai além das diferenças econômicas, étnicas, políticas, ou de outro tipo”; e assinalou que “diante dos desafios da globalização nós os católicos dispõem de uma riqueza enorme, precisamente porque somos católicos; e católico quer dizer universal, quer dizer, nós temos uma experiência de globalização de 2000 anos”.
O Cardeal Poupard assinalou como exemplo que “alguém como eu que vivo em Roma e trabalho com o Papa como ‘Ministro da Cultura’, vive cada dia esta realidade mundial: O Papa que nos preside é polonês, o irmão encarregado para a Doutrina da Fé –o Cardeal Ratzinger- é alemão; quem se ocupa do Clero e de Família são latino-americanos; quem se ocupa do Culto Divino é um africano; o responsável por Educação é polonês; e, por certo, no dicastério –o Pontifício Conselho da Cultura, do qual estou à frente– meu colaborador é mexicano, e tenho além disso um brasileiro, um italiano, um romeno e um húngaro”.
O Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura recordou que “O Papa nos convida insistentemente, cotidianamente, a evangelizar a cultura”. “O Evangelho é boa notícia, não só para as pessoas mas também também para a cultura”, acrescentou.
“Mas para que uma notícia seja bem recebida é necessário que seja recebida na língua da cultura à qual vai dirigida. E esta é a lógica da encarnação. Tudo isto se realiza sempre na vida da Igreja e na vida do cristão, que é sempre imitação de Cristo”, concluiu o Cardeal.