MADRI, 26 de mai de 2004 às 18:35
O Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, Dom Antonio Cañizares, referiu-se à decisão do Governo de suspender a aplicação da Lei Orgnânica de Qualidade da Educação, em espanhol LOCE , sem se comunicar com a Igreja Católica e afirmou que a medida supõe um “retrocesso no terreno educativo e no desenvolvimento dos direitos e liberdades na Espanha”.
Em uma entrevista ao jornal La Razón, o Prelado explicou que “nem houve nenhuma comunicação, que eu saiba, nem existiu nenhum diálogo. É uma decisão que o Executivo adota por si mesmo sem que a Conferência Episcopal pudesse expressar seu parecer, nem mesmo ao Conselho de Estado onde solicitou personalizar-se”.
Além disso –acrescentou o Arcebispo–, “nem Santa Sé ou a Conferência Episcopal foi consultada, quando algumas das disposições deste Decreto afetam a matéria que regulam os Acordos entre a Santa Sé e o Estado Espanhol”.
Dom Cañizares ressaltou que “suspender a aplicação da LOCE nesta matéria supõe um retrocesso no terreno educativo e no desenvolvimento dos direitos e liberdades na Espanha. Estimo que o que foi legislado na LOCE se ajusta completamente ao mandato constitucional e cumpre com o Acordo Cultural de 1979 entre o Estado e a Santa Sé”.
“Enquanto não me demonstrarem o contrárioo –acrescentou–, o legislado na LOCE se ajusta aos princípios de igualdade e de liberdade religiosa, não supõe discriminação nem privilégios, respeita o direito à liberdade de ensino e a ser educado conforme as próprias convicções morais e religiosas, respeita escrupulosamente os Acordos Internacionais. E o que não podemos esquecer: garante por completo o que esse 75 por cento de pais, neste último curso, como média de todos os níveis educativos, pediram em continuidade total com os vinte anos anteriores”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
O Prelado expressou que “tenho uma valorização positiva da norma estabelecida na LOCE sobre o ensino da religião. A criação da área de ‘Sociedade, Cultura e Religião’ supunha um avanço no exercício da liberdade religiosa, e seu desenvolvimento é conforme a legalidade”.
“Em conseqüência –continuou–, é evidente o juízo que merece sua supensão. Insisto em que se a Conferência esteve de acordo com a forma em que foi regulamentada a presença da Religião no currículo escolar, agora não posso dizer algo diferente ou contrário”.
Por outro lado, o Arcebispo explicou que a suspensão da LOCE implica que “voltemos aos decretos de 1994 enquanto a não avaliação do ensino religioso nos casos anunciados e a suas alternativas, vazias de conteúdo e sem valor acadêmico algum”.
Finalmente, o Primado da Espanha ressaltou que “a Religião é uma matéria de ensino, como o resto das matérias, com a mesma dignidade; que tem, ao menos –certamente mais e mais decisiva para a pessoa– tanta importância como o resto das matérias fundamentais para o desenvolvimento pleno da personalidade”.
“Além dissos, quando essa maioria tão grande de cidadãos a reclama, não pensa em uma matéria para o treinamento ou para a esfera do privado, mas que quer que seus filhos se formem como homens cabais. Em qualquer caso, se a Religião não é avaliável e a «alternativa» também não, a devalorização da Religião é um fato”, concluiu o Prelado.