BUENOS AIRES, 18 de out de 2004 às 16:19
O Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Bergoglio, advertiu que em uma época marcada pela New Age, o direito já não conta com normas objetivas”.
“Não se conta com normas objetivas -assinalou-, não existe o bem ou o mal mas sim as vantagens ou desvantagens, em uma retirada subjetiva dos valores. Nivela-se para baixo, avança-se pactuando; é o reino da opinião, sem convicções. Todos opinam em igualdade de condições; tudo vale igual”, declarou o Cardeal diante dos assistentes das Terceiras Jornadas sobre “Codificação: suas raízes e perspectivas” na Universidade Católica Argentina Santa Maria dos Buenos Aires.
O Cardeal ofereceu uma exposição na inauguração das jornadas, organizadas pelo Departamento de Pós-graduação e Extensão Jurídica da Faculdade de Direito. O tema foi “Em torno da New Age. O que a Igreja pede aos homens de Direito”.
Segundo o Arcebispo, a este momento histórico da sociedade terei que chamá-lo cultura do naufrágio” com elementos da modernidade e de sua posterioridade.
Esta cultura, advertiu, influencia sobre o Direito e hoje as estruturas produzem o ethos, e não à inversa, porque o ethos foi convertido em um elemento frágil.
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Do mesmo modo, considerou o desarraigo e desamparo do homem atual, sem apóio em nada que o transcenda.
“Há um novo niilismo, que relativiza tudo. Não há uma real cultura de valores”, assinalou e mencionou um esoterismo profano, secularizado, que usa falácias aparentemente não objetáveis; caricatura-se a verdade ou o nobre; rebaixa-se o bom; faz-se brincadeira de valores como a honestidade ou a não violência.
Também fustigou a superficialidade dos meios de comunicação onde se emprega o slogan para desfigurar os conceitos mais valiosos, em outra das falsas hermenêuticas, e considerou que hoje a modernidade já não contribui uma aversão à religiosidade mas sim a substitui por um teísmo diluído, uma fé sem piedade, em um processo de vazão das palavras que assim perdem seu conteúdo, seu peso e seu respaldo.