VATICANO, 28 de mai de 2008 às 10:42
Em uma instrução titulada "O Serviço da autoridade e a obediência", a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica solicita a religiosos e consagrados do mundo recuperar a obediência como um valor fundamental que não pode ser relativisado por novas tendências.
A Instrução foi apresentada nesta quarta-feira a uma assembléia dos superiores e superioras gerais no Salesianum de Roma.
Segundo um comunicado do Dicastério que preside o Cardeal Franc Rodé, "o texto confronta acima de tudo a temática da obediência religiosa enquadrada como uma busca de Deus e de sua vontade própria do crente".
"A obediência cristã e religiosa não se configura, antes que nada ou simplesmente, como uma execução de leis ou de disposições eclesiásticas ou religiosas, mas como uma etapa do caminho em busca de Deus, que ressulta da escuta de sua Palavra, tira-a de consciência de seu projeto de amor, a experiência fundamental de Cristo, o obediente por amor até a morte de cruz", adiciona.
"A autoridade na vida religiosa se emoldura, portanto, como ajuda à comunidade (ou ao instituto) para procurar e cumprir a vontade de Deus. A obediência não se justifica, portanto, a partir da autoridade religiosa, já que todos na comunidade religiosa, em primeiro lugar a autoridade, estão chamados a obedecer. A autoridade fica ao serviço da comunidade para procurar e realizar juntos a vontade de Deus", assinala o documento.
O comunicado assinala que a Instrução aborda também "a delicada questão das 'obediências difíceis', quer dizer aquelas nas que o que se pede ao religioso ou à religiosa resulta particularmente pesado ou aquelas onde quem deve obedecer pensa que há 'coisas melhores e mais úteis para sua alma das que lhe ordena o superior'".
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O documento menciona também "a possível 'objeção de consciência' em quem deve obedecer, amparando-se de um texto ainda atual de Paulo VI".
A Instrução pretende lembrar, informa o Dicastério, "que a obediência na vida religiosa pode também dar lugar a momentos difíceis e situações de sofrimento nas que é necessário pensar no Obediente por excelência, Cristo".
Por outra parte, afirma-se que também "a autoridade pode ser 'difícil' e levar a momentos de desalento ou cansaço que podem desembocar em comportamentos de renúncia ou descuido na hora de exercer uma guia adequada da comunidade".
"A referência à consciência ajuda a conceber a obediência não meramente como uma execução de ordens passiva e sem responsabilidade, mas como um assumir de forma responsável compromissos que são atuação concreta da vontade de Deus", adiciona o comunicado do Dicastério.
"Se o documento contiver uma exortação à obediência, serena e motivada na fé, também oferece um amplo e articulado conjunto de indicações para o exercício da autoridade", como "o convite à escuta, a favorecer o diálogo, a divisão, a corresponsabilidade, a tratar com misericórdia às pessoas confiadas".
A Instrução, segue explicando o comunicado, "outorga um relevo particular à comunidade religiosa como lugar onde, sob a guia do superior e a superiora, exerce-se um 'discernimento comunitário' em relação às decisões a tomar. Esta praxe, para a que se oferecem importantes indicações, não elimina, entretanto, a tarefa própria da autoridade".