ROMA, 7 de jul de 2008 às 08:12
A Congregação para a Causa dos Santos promulgou esta semana um decreto que reconhece as virtudes heróicas de Chiara "Luz" Badano, uma formosa adolescente italiana pertencente ao Movimento dos Focolares que morreu em 1990 quando só tinha 18 anos de idade.
A nova "venerável" nasceu em Sassello, Ligúia, em 29 de outubro de 1971. Seu nascimento encheu de alegria a seus pais, Ruggero Badano, caminhoneiro, e Maria Teresa Caviglia, operária, quem por onze anos esperaram ter um filho.
"Embora em meio de uma imensa alegria, compreendemos em seguida que não era só nossa filha mas acima de tudo era filha de Deus", assinalou sua mãe segundo a biografia publicada pelos Focolares.
Desde muito pequena, Chiara mostrou um profundo amor por Deus, ao tempo que revelava um caráter forte mas dócil, era alegre, bondosa e muito ativa.
Aos nove anos de idade ingressou no Movimento dos Focolares. Em 1985 se mudou a Savona para seguir os estudos de bacharelado onde, segundo seus biógrafos, "a dizer a verdade, encontrará algumas dificuldades, a pesar do esforço. Não aprova o quarto ano e isto a faz sofrer muito".
Chiara tinha muitos amigos, converteu-se em uma grande esportista, praticava tênis, natação, montanha. Sonhava sendo aeromoça e desfrutava da dança e do canto. Entretanto, aos 16 anos discerniu sua vocação e decidiu consagrar-se a Deus.
Manteve uma relação muito próxima com a fundadora dos Focolares, Chiara Lubich, quem lhe pôs o apelido de "Luz".
Pouco tempo depois lhe diagnosticaram um tumor no ombro. O diagnóstico foi "sarcoma ostiogênico com metástase", um dos tumores mais graves e dolorosos. Chiara se propôs superar a enfermidade e começou um intenso tratamento de quimioterapia, enquanto tratava de seguir com sua vida habitual sem perder nunca a alegria nem a fé.
Entregou tudas suas economias a um amigo que partiu em missão humanitária a África. Apesar dos esforços dos médicos, a enfermidade avançava rapidamente e perdeu o uso das pernas. "Se tivesse que escolher entre caminhar ou ir ao paraíso, escolheria esta última possibilidade", disse a seus familiares, já não pedia curar-se, senão encontrar-se com o Jesus.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Sua força comovia a seus seres queridos e aos médicos que a atendiam.
Em julho de 1989 sofreu uma severa hemorragia e parecia que o desenlace chegaria em qualquer momento. Disse a seus pais: "Não derramem lágrimas por mim. Eu vou onde Jesus está. Em meu funeral não quero gente que chore, mas sim canto forte".
Em seu leito de dor, Chiara rezava muito pedindo ser capaz de cumprir com a vontade de Deus. "Não peço a Jesus que venha me buscar para me levar ao paraíso; não queria lhe dar a impressão que não quero sofrer mais", dizia e decidiu preparar com sua mãe a que chamava "festa de bodas", quer dizer seu funeral.
Deu a sua mãe instruções muito precisas sobre como devia ser seu vestido, a música, as flores, os cantos e as leituras. Pediu à sua mãe que enquanto preparasse seu corpo se repetisse a si mesma: "Agora Chiara Luz vá a Jesus".
Em domingo 7 de outubro de 1990 Chiara faleceu acompanhada de seus pais. Depois da porta da habitação aguardavam seus amigos. Suas últimas palavras foram para sua mamãe: "Ciao. Seja feliz porque eu o sou".
Umas duas mil pessoas assistiram a seu funeral.
O então Bispo do Acqui, Dom Livio Maritano, iniciou o processo de beatificação de Chiara em 1999. O Prelado assegura que tomou esta decisão por "sua forma de viver, especialmente o exemplo extraordinário que ofereceu no último lance de sua vida".
"A vi várias vezes durante sua enfermidade e me chegaram muitos testemunhos de pessoas que a visitavam no hospital ou na casa. E todos confirmavam sua altura espiritual e seu amor a Deus, que lhe davam a força para confrontar a prova com uma serenidade que a levava a animar a todos os que foram visitá-la com a intenção de consolá-la", indicou.
"Comprovei que a apresentação do testemunho cristão de Clara constituía uma mensagem muito forte, uma forma de evangelização, por isso me perguntava se era justo manter escondida em uma pequena diocese um tesouro tão grande para pô-lo ao alcance de toda a Igreja. Por isso não tive nenhuma dúvida em decidir promover esta causa", indicou.