A Sala de Imprensa da Santa Sé destacou hoje a importância histórica da Conferência sobre o Diálogo entre Cristãos e Muçulmanos que está sendo realizada em Doha, capital do estado árabe de Qatar, com a participação de uma delegação do Vaticano.

Segundo explica a nota do Vaticano, a Conferência de Doha (Qatar) sobre o Diálogo entre Cristãos e Muçulmanos que começou ontem, tem sua origem na primeira visita a Roma, em fevereiro de 2004, do novo embaixador dessa nação na Santa Sé, Mohamed Alkawiri, após o estabelecimento de relações diplomáticas entre ambos estados em 18 de novembro de 2002.

Nesse ocasião, o embaixador manifestou o desejo de começar um diálogo islâmico-católico junto com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.  O conselho acolheu a proposta e começou a organizar, junto com o Centro dos Estados do Golfo da Universidade de Qatar, a conferência que nestes momentos se celebra em  Doha e que acabará no sábado, 29 de maio.

A primeira jornada do evento foi aberta com uma sessão pública na qual interveio entre outros o Cardeal Jean-Louis Tauran, ex-secretário para as Relações com os Estados. O moderador foi o arcebispo Michael Louis Fitzgerald, presidente da Pontifícia Comissão para as Relações Religiosas com os Muçulmanos. A sessão vespertina esteve dedicada ao tema “Religiões e Paz”, moderou o encontro Maher Abdallah, responsável pelas relações exteriores do canal televisivo Al-Jazeera. Participaram do debate, por parte muçulmana, o xeque Fawzy Fadel Al-Zafzaf, presidente do Comitê permanente de Al-AzharAl-Sharif para o Diálogo com as religiões monoteístas e, da parte cristã, Youssef Kamal El-Hage, consultor da Pontifícia comissão vaticana e catedrático de física na Universidade Notre Dame do Líbano.

A primeira sessão de trabalho a portas fechadas foi celebrado na quinta-feira à tarde e contou com a presença de nove dos dez membros do Pontifício Conselho  e de dois especialistas católicos no setor das relações entre cristãos e muçulmanos.

Entre os dez convidados muçulmanos encontravam-se professores de direito islâmico, de teologia e filosofia islâmica, assim como diretores de institutos religiosos islâmicos e religiões comparadas de Túnis, Qatar, Egito, Estados Unidos, Paquistão, Turquia, Reino Unido e Irã.

Os arcebispos Michael L. Fitzgerald e Pier Luigi Celata –Vice-presidente da pontifícia comissão, falaram da grande importância das reuniões destes dias.

A Pontifícia Comissão, fundada em 1974,  reune-se  habitualmente uma vez ao ano e participam dela apenas os membros católicos. A reunião de Doha é a primeira em seus 30 anos de existência que conta também com a presença de muçulmanos.

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O arcebispo Fitzgerald destacou também que o emir de Qatar, o xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani, muito interessado no diálogo inter-religioso, manifestou no ano passado o desejo de abrir em Doha um centro para o diálogo entre muçulmanos e cristãos.

Debate sobre liberdade religiosa

Os debates entre católicos e muçulmanos se centrarão no tema da liberdade religiosa e nos seus aspectos teóricos,  nas raízes do diálogo entre ambas religiões, no Direito Canônico e no Magistério da Igreja, assim como na visão da liberdade religiosa na história e o direito islâmico.

Estudarão os casos de três países: Paquistão, onde os muçulmanos são maioria e os cristãos minoria; França, onde os cristãos são  maioria e os muçulmanos minoria e Nigéria, onde o número de uns e outro se iguala.

O arcebispo Fitzgerald observou que cristãos e muçulmanos se fazem a mesma  pergunta: Como podemos contribuir para a harmonia e a paz?

“Dois dias –disse o Prelado- são muito pouco e ao mesmo tempo muito para um encontro tão significativo para a pontifícia comissão”.

Entre os participantes da confeêrncia de Doha foi distribuído um documento de trabalho sobre a liberdade religiosa. Seus autores explicarão cada parte e depois serão feitas observações.