ROMA, 7 de abr de 2009 às 04:38
Barbara Frale, uma perita italiana estudiosa da desaparecida Ordem dos Templários, precisou em um recente artigo que estes cavaleiros medievais custodiaram durante um século o Manto de Turim, para que este não caísse em mãos dos hereges da idade Média como os cátaros.
Em seu novo livro que será publicado dentro de pouco, titulado "Os templários e a Síndone de Cristo", Frale dá a conhecer os detalhes que sustentam esta afirmação a partir de seus estudos no Arquivo Segredo Vaticano que recentemente deu a conhecer o "Processo contra os templários".
Neste processo, explica a perita italiana, aparece uma história em que se relata que em 1287 um jovem de boa família chamado Arnaut Sabbatier ingressou na ordem e após sua admissão foi levado a um lugar privado do templo para que venerasse o Manto de Turim beijando-o três vezes os pés. Segundo Frale, este desconhecido episódio para os historiadores oferece mais detalhes a sua investigação.
Em 1978, prossegue Frale "um historiador de Oxford, Ian Wilson, reconstruiu as peripécias históricas da Síndone, precisando que esta foi roubada da capela dos imperadores bizantinos durante o tremendo saque consumado durante a quarta cruzada em 1204" e comparava este dado com o fato que os templários "adoravam secretamente um misterioso 'ídolo' no que se apreciava a um homem barbado".
Barbara Frale precisa depois que "graças a uma série de indícios, o autor (Wilson) sugeria que o misterioso 'ídolo' venerado pelos templários não era outro que a Síndone de Turim, colocada em uma urna especial que era feita de modo que só se pudesse ver o rosto, venerada absolutamente em segredo assim que sua mesma existência ao interior da ordem era um fato muito comprometedor: o objeto tinha sido roubado durante um horrível saque, sobre cujos autores o Papa Inocencio III tinha declarado a excomunhão. O Concílio Lateranense em 1215 já tinha sancionado a mesma pena para o tráfico de relíquias".
Para Wilson, precisa Frale, os "anos escuros" nos que não se sabe nada do Manto de Turim, correspondem a aqueles nos que foi "custodiada absolutamente em segredo pelos templários".
Em resumo, diz logo a perita italiana "os templários se procuraram a Síndone para conjurar o risco de que sua própria ordem sofresse a mesma contaminação herética que estava afligindo a grande parte da sociedade cristã de seu tempo: era o melhor antídoto contra todas as heresias", como a dos cátaros que afirmavam que Cristo não tinha um corpo humano nem sangue, não tinha sofrido a Paixão, não tinha morrido nem ressuscitado.
Por isso, ter uma relíquia com rastros de sangue, que se podia "ver, tocar e beijar", continua Frale em um artigo de L'Osservatore Romano, era algo que "para o homem da idade Média não tinha preço, algo muito mais capitalista que um bom sermão", algo que os Papas entenderam bem, "por isso se compreendem iniciativas como a de Inocencio III que promoveu o culto à Verônica ou a de Urbano IV que solenizou o milagre (eucarístico) de Bolsena instituindo a festa do Corpus Domini".
"Este livro –uma reconstrução de corte histórico-arqueológico que não entra em questões teológicas– representa a primeira parte de um estudo dedicado a Síndone que se complementará com um segundo volume em preparação de imprensa: A Síndone de Jesus Nazareno", conclui.
Outros livros da Barbara Frale são "A última batalha dos templários. Do código de obediência militar à construção do processo por heresia" (2001), "O Papado e o processo aos templários. A inédita absolvição de Chinon à luz da diplomacia pontifícia" (2003), "Os Templários" (2007); e "Notícias históricas sobre o processo aos templários" (2007).