MADRI, 25 de nov de 2004 às 15:02
A secretária de Estado de Serviços Sociais, Amparo Valcarce, alentou de novo os espanhóis a marcarem em sua declaração da renda a casinha de "outros fins" em vez da destinada à Igreja Católica. A funcionária parece ignorar que a Igreja economize ao governo espanhol a impressionante soma de 31 mil e milhões de euros.
Valcarce quis baixar o tom de suas declarações da segunda-feira passada quando “animou” os espanhóis a não beneficiarem à Igreja com seus impostos, e nesta quarta-feira declarou que se trata de uma opção "pessoal" não marcar a casinha da Igreja.
Neste contexto, o jornal A Razão publicou um revelador artigo onde sustenta que o trabalho social da Igreja Católica economiza ao estado a mencionada fortuna.
“Semelhante cifra não é o prêmio de loteria maior do mundo nem o orçamento de Defesa do EUA. É a cifra que teria que custar ao Estado espanhol para substituir o trabalho social que realiza a Igreja. Levantar seus colégios e hospitais, atender os doentes, anciões, marginados, crianças e indigentes, manter as instalações... Toda uma rede de atuações que se sustenta graças ao esmerado e silencioso trabalho dos católicos”, indicou o periódico.
Há algumas semanas, o Ministro do Trabalho, Jesus Caldeira, expôs a possibilidade de que o Estados esteja “sobrefinanciando” à Igreja Católica no país e embora todo tipo de personagens se envolveu no debate, poucos ofereceram o que a Igreja Católica, através de suas distintas ações sociais, contribui ao Estado espanhol.
O jornal La Razón elaborou uma tabela de gastos e ganhos na relação Igreja-Estado que arrojou a escandalosa cifra que “lhe custaria à Administração Pública todo o trabalho da Igreja no hipotético caso de que esta desaparecesse ou deixasse de fazer-se cargo de seus colégios, hospitais, ambulatórios, dispensários, organizações não governamentais”.
Educação
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As cifras são contundentes e os exemplos abundam. No setor educação, “as distintas congregações religiosas mantêm em ativo 5 mil e 141 centros entre creches, centros de Educação Infantil, Primária, ESO e Bacharelado, em cujas salas-de-aula se sintam 990 mil e 774 alunos dispostos a reunir as matemática e a literatura com a aprendizagem dos valores cristãos”.
Estima-se que o custo médio por aluno é de 2 mil e 989 euros. A Igreja se gasta em seus alunos 2 bilhões e 962 milhões de euros, mas com a ajuda de 1 bilhões e 783 milhões que contribui o Estado, a cifra se reduz a 1 mil e 178.
“A isto terá que acrescentar que construir um colégio público custa cerca de 3 milhões de euros, o Estado deveria investir 15 bilhões e 423 milhões para oferecer o mesmo serviço que faz a Igreja –algo menos que o orçamento de 2004 para os ministérios de Defesa, Interior e Fomento–“, indicou o periódico.
Para o economista e colaborador de La Razón, José Barea, “se a Igreja não emprestasse seus serviços, teriam que aumentá-los impostos. O benefício é duplo: para os beneficiados e para os contribuintes”.
Saúde
A Igreja também conta com 107 hospitais, 128 ambulatórios e dispensários, 876 centros para anciões, doentes crônicos, terminais e deficientes. Atende a 387 mil e 356 pessoas ao ano. Conta com 51 mil e 312 leitos que lhe custam 270 euros ao dia ou 5 bilhões 056 milhões de euros ao ano. Construir um hospital custa 50 milhões de euros, e o resto dos centros 4 milhões, o Estado deixa de fazer-se cargo de 5 bilhões 350 milhões em hospitais e de 4 mil e 016 em outros centros.
La Razón sustenta que “a obra social da Igreja é muito ampla. Segundo dados do ano 2000, só com as contribuições monetárias do Caritas (155 milhões, dos quais 47 corria a cargo do gasto público), Mãos Unidas (43 milhões em 2003, com uma ajuda estatal de 9 milhões) e Obras Missionárias Pontifícias, (21 em 2000), o Estado teria que ter contribuído 163 milhões. Além disso, financia 80% do patrimônio histórico e artístico da Espanha. Assim as coisas, não parece muito sensato dizer que o Estado mantém à Igreja Católica”.