LONDRES, 1 de jun de 2004 às 15:44
Diversos grupos pró-vida do país denunciaram o aumento de abortos de bebês com deficiências que podem ser corrigidas medicamente –como os pés deformados e lábio fissurado–, segundo as últimas cifras do Departamento Nacional de Estatísticas.
“Estas figuras são sintomáticas de uma eugenésica tendência da sociedade consumista de eliminar qualquer deformidade, inclusive às custas de sua própria dignidade”, afirmou Jacqueline Laing da Universidade Metropolitana de Londres.
“Estamos erradicando a vontade das pessoas para aceitar as deficiências. Os bebês devem encaixar na descrição de ‘normalidade’ antes de nascer”, acrescentou Laing.
Os números de 2002 do Departamento Nacional de Estatísticas mostram que cada vez mais mulheres estão optando por abortar seus filhos com possíveis deficiências, aumentando o número de abortos em 8 por cento anual.
As cifras mostram que durante o ano de 2002 cinco bebês foram abortados por ter os pés deformados e seis por ter o lábio fissurado.
Joanna Jepson, que liderou uma investigação sobre o aborto de um bebê de 28 semanas com o lábio fissurado em Herefordshire em 2001, explicou que “esta estatística horroriza e mostra a atitude sumamente consumista que agora domina as relações humanas”.
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“Não acredito que ninguém tenha alguma idéia de quantos bebês foram abortados por ter lábio fissurado. Não posso acreditar que a profissão médica esteja apoiando a decisão de abortar bebês por estas razões”, acrescentou Jepson.
Um total de 1.863 gestações foram abortadas em 2002 segundo este “critério” – 8 por cento a mais em relação ao ano de 2001–, segundo informou o National Congenital Anomaly System.
Os especialistas também informam que cerca de 185 mil abortos na Inglaterra a cada ano são por “razões sociais”; e os abortos por anormalidades cromossômicas, incluindo Síndrome de Down, aumentaram em 17 por cento, de 591 em 2001 a 691 em 2002. Houve mais bebês com Síndrome de Down abortados (372) que nascidos (329) no ano de 2002.
Por sua vez, Nuala Scarisbrick –diretor da organização LIFE– explicou que “isto é a eugenésia franca. Estão enviando a mensagem às pessoas deficientes de que eles não deveriam ter nascido. É espantoso e detestável”.
“Tal estatística é uma demonstração de uma sociedade que coloca um valor condicional sobre seus cidadãos, baseado no “úteis” que podem ser na vida”, acrescentou também Patrick Cusworth, membro de LIFE.