SANTIAGO, 2 de dez de 2004 às 17:02
O Bispo de Valparaíso, Dom. Gonzalo Duarte, explicou aos chilenos que procurar a reconciliação e o perdão se torna muito difícil quando não há fé e pediu o esforço de todos para enfrentar as denúncias de tortura no governo de Augusto Pinochet.
“A verdade e a justiça são necessárias, mas muito dolorosas. E finalmente, a reconciliação e o perdão, que são muito difíceis, que são virtudes cristãs, é muito difícil para quem não acredita em Jesus Cristo, poder perdoar e reconciliar-se”, indicou.
Segundo o Bispo, “para aquele que acredita em Jesus Cristo é difícil também, mas para o que não crê, é incompreensível e muito difícil aceitar estes costumes cristãos de reconciliação e perdão, que não significam só passar a borracha”.
Ao ser consultado sobre o Relatório de Prisão Política e Tortura, apresentado há alguns dias ao presidente Ricardo Lagos, o Bispo assinalou que “o reconhecimento de coisas terríveis que ocorreram em nossa pátria foi um processo de amadurecimento na dor”.
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Também recordou que a Igreja sempre sustentou que terá que lutar pela verdade, a justiça, a reparação moral, a reparação material na medida do possível, mas finalmente tem que chegar o perdão e a reconciliação.
Embora considerou que “ainda estamos longe do perdão e a reconciliação”, assinalou que o chamado relatório “é um passo adiante, um passo doloroso mas importante. E o fato de que personalidades muito representativas, instituições importantes como é o Exército, tenham assumido responsabilidades e tenham reconhecido o valor moral deste relatório, parece-me muito significativo”.
O relatório inclui 35 mil testemunhos de pessoas que sofreram torturas durante a ditadura de Pinochet.