MEXICO D.F., 6 de nov de 2009 às 03:51
Uma especialista denunciou no 60º Congresso Mexicano de Ginecologia e Obstetrícia que cada vez mais jovens mexicanos utilizam a pílula do dia seguinte (PDS) como um método anti-concepcional habitual e não em casos de "emergência", como se costuma promovê-la. Este abuso do fármaco está causando severos estragos na saúde das consumidoras.
Teresa Méndez, gineco-obstetra do Hospital Geral do México, assegurou que oito de cada dez casais universitários utilizam a PDS como se esta fosse um anti-concepcional cotidiano e não são conscientes de que este abuso pode causar enfermidades irreversíveis.
"Temos pacientes de 17 a 25 anos que chegaram ao Hospital Geral do México com graves transtornos em sua menstruação, com sangramentos fora de seu período, com inflamação pélvica, fluxo, comichão e irritação na zona genital devido a que durante todo um ano, de três a quatro ocasiões, consumiram a pílula como se esta se tratasse de um anti-concepcional", explicou perante seus colegas.
Do mesmo modo, assinalou que muitas destas jovens já apresentam lesões causadas pelo Vírus do Papiloma Humano (VPH), e tudo porque "aceitaram as propostas machistas de seus noivos de consumir a pílula para evitar uma gravidez".
"Em consulta privada tratei a jovens de boa posição econômica que além do VPH já apresentam clamídia, que causa danos irreversíveis, como a infertilidade", indicou.
Segundo a especialista, os jovens usam a PDS porque consideram que o preservativo não evita as gravidezes. "Em parte têm razão, de cada 10 preservativos usados, quatro falham por ruptura, claro muito se deve ao manejo inadequado, mas com todo o risco de ter uma gravidez é muito alto", indicou.
Segundo dados do Instituto Mexicano do Seguro Social, 5 por cento das mulheres maiores de 30 anos são portadoras do VPH, que se converteu no motivo número 11 de morte no país e ao qual se associa 90 por cento dos casos de câncer cérvico-uterino.