SÃO PAULO, 14 de nov de 2009 às 14:30
Em um artigo divulgado por Canção Nova notícias, o Arcebispo Emérito de São Sebastião do Rio de Janeiro, Cardeal Eugênio Araújo Sales falou sobre a identidade sacerdotal, ressaltando que “pretender reduzir a atuação presbiteral a um mero compromisso com as realidades temporais é, no mínimo, uma confusão teológica, quando não um erro crasso”.
“Uma crise de fé se manifesta de diversas maneiras. Uma delas insere-se na eclesiologia. Constantemente são veiculadas afirmações que, mesmo não erradas plenamente, são, no mínimo, dúbias. Uma arbitrária concepção da instituição fundada por Jesus Cristo leva a desvios e a consequências danosas à paz e à concórdia no interior da comunidade eclesial”, afirmou o purpurado.
Referindo-se ao Concílio Vaticano II o Cardeal afirma que “salvaguardada a identidade divina do sacerdócio ministerial em seus graus: episcopado, presbiterato e diaconato, o Concílio reclama também a participação própria do laicato católico. Juntos, formamos todos a Igreja, “Povo de Deus”, sem nos esquecer, no entanto, de que ele não é um mero agrupamento sociológico, existente pelas leis dos homens e por seus regimes políticos. Trata-se, antes de tudo, de uma realidade sobrenatural, gerada e sustentada pela graça”, sustentou.
Falando sobre aquilo que São Paulo expõe no conceito de “Corpo Místico” o Cardeal Sales citou a constuição Dogmática Lumen Gentium onde lê-se no nº 20: “Os Apóstolos, nesta sociedade hierarquicamente organizada, cuidaram de constituir os seus sucessores”. Sendo assim, a Igreja possui uma cabeça, o próprio Salvador; este prolonga sua presença e ação na hierarquia, que não é simples resultado do consenso “popular” ou a ele sujeita. Goza, portanto, de uma potestade compreensível apenas aos olhos da Fé e que a torna participante do ministério de Cristo, Pastor. A igualdade fundamental na fraternidade e responsabilidade de todos encerra, assim, uma diferença essencial! Pelo poder hierárquico que advém do Senhor. As eventuais falhas no exercício do governo não justificam uma democratização contrária à Doutrina entregue pelo Mestre aos Apóstolos”, explicou o Cardeal.
“Ora, pretender reduzir a atuação presbiteral a um mero compromisso com as realidades temporais é, no mínimo, uma confusão teológica, quando não um erro crasso”, denunciou.
O Arcebispo Emérito do Rio aproveitou também a ocasião para explicar que “a redução da imagem do presbítero pode acontecer também, e, infelizmente, não se trata apenas de hipótese, na acentuação unilateral de sua presença na problemática social, em detrimento de sua identificação com o Cristo Sacerdote”.
Concluindo o seu artigo Dom Eugênio ressaltou que no que toca aos ministros sacros e às organizações eclesiais que se pretendem ao seu serviço, é importante retomar o conselho expresso pelo Vaticano II: “Como hoje em dia a humanidade tende cada vez mais para a unidade civil, econômica e social, assim importa que os sacerdotes, unindo o seu zelo e os seus esforços, sob a orientação dos Bispos e do Sumo Pontífice, procurem suprimir qualquer motivo de dispersão, para que todo o gênero humano seja reconduzido à unidade da família de Deus”.
Por último, o Cardeal Sales destacou que “o padre foi constituído na comunidade eclesial para servir seus irmãos, em favor da causa de Cristo. Fá-lo-á enquanto preservar sua identidade. E esta nasce da vontade explícita do Salvador, não de interpretações subjetivas, de inclinações ou desejos pessoais”, concluindo assim o artigo divulgado pela Canção Nova que pode ser lido na íntegra através do web site:
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=274690.