O Papa Bento XVI ressaltou este meio-dia a urgente necessidade de "superar a separação existente entre fé e cultura, convidando a um maior compromisso de evangelização", em seu discurso aos professores e estudantes dos pontifícios ateneus romanos e aos participantes na Assembléia Geral da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC).

Ao iniciar seu discurso, o Santo Padre se referiu à Constituição Apostólica do João Paulo II "Sapientia christiana", que este ano cumpre 30 anos, em que também se recorda que esta necessidade vai de mãos dadas com "a firme convicção de que a Revelação cristã é uma força transformadora, destinada a penetrar os modos de pensar, os critérios de juízo, as normas de ação".

A Revelação cristã, disse o Papa, "é capaz de iluminar, purificar e renovar os costumes dos seres humanos e suas culturas e deve constituir o ponto central do ensino e da investigação, além do horizonte que ilumina a natureza e as finalidades de todas as faculdades eclesiásticas".

Bento XVI sublinhou que as idéias de fundo da "Sapientia christiana" "seguem sendo atuais. Mais que isto, na sociedade atual, onde o conhecimento é cada vez mais especializado e setorial, porém muito marcado pelo relativismo, se faz mais necessário abrir-se à ‘sabedoria’ que vem do Evangelho".

"O homem é incapaz de compreender-se plenamente a si mesmo e o mundo sem Jesus Cristo: Só Ele ilumina sua verdadeira dignidade, sua vocação, seu destino último e abre o coração a uma esperança sólida e estável", explicou o Santo Padre.

Os professores e estudantes continuou Bento XVI, "não devem perder nunca de vista o fim que devem perseguir: ser instrumentos do anúncio evangélico. Ao mesmo tempo, é importante recordar que o estudo das ciências sagradas nunca se deve separar da oração, da união com Deus, da contemplação, porque do contrário as reflexões sobre os mistérios divinos podem converter-se em um vão exercício intelectual".

Seguidamente o Papa se dirigiu aos membros da FIUC, que este ano celebram o 70º aniversário de sua criação, e os animou a "um novo impulso para renovar a vontade de servir à Igreja. Neste sentido, seu lema é também um programa para o futuro da federação: ‘Sciat ut serviat’, saber para servir".
 
"Em uma cultura que manifesta uma ‘falta de sabedoria, de reflexão, de pensamento capaz de elaborar uma síntese orientadora’, as universidades católicas, fiéis à própria identidade que faz da inspiração cristã um ponto significativo, estão chamadas a promover uma ‘nova síntese humanista’, um saber que seja ‘sabedoria capaz de orientar o homem à luz dos primeiros princípios e de seu fim último’, um saber iluminado pela fé", concluiu o Papa.

 

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