ROMA, 2 de jun de 2004 às 20:42
O biólogo e prêmio Nobel de Medicina de 2002, Sydney Brenner, ridicularizou muitas das tentativas atuais de melhorar a espécie humana através da manipulação genética e pediu concentrar-se em um instrumento mais eficaz e duradouro: a cultura.
O doutor Brenner, que ajudou o prêmio Nobel de Medicina (1962) Francis Crick a decifrar o código genético, afirmou em uma entrevista no jornal dominical suíço "NZZ am Sonntag" que “as tentativas atuais de melhorar a espécie humana mediante a manipulação genética não são perigosos, mas ridículos".
"Suponhamos que queremos um homem mais inteligente. O problema é que não sabemos com exatidão que genes manipular", acrescentou o cientista, segundo o qual "há um instrumento para transformar a humanidade de modo duradouro e é a cultura".
"Eu explico deste modo: o cerebro humano é mais poderoso que o patrimônio genético. Devemos por isso nos concentrar mais na evolução cultural, algo cujo funcionamento ainda desconhecemos", indicou o pesquisador de 77 anos.
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“O importante é fazermos este tipo de perguntas em lugar de nos empenhar na magia genética", disse em seguida o estudioso de origem sul-africana, para quem a forma mais importante de aprendizagem é a educação.
Por outro lado, o pesquisador de nacionalidade inglesa, que estudou com sucesso o genoma do verme "e. elegans", afirmou que as diferenças de patrimônio genético entre os diferentes organismos são muito pequenas: todos os animais, inclusive o homem, compartilham os genes mais importantes.
"Ignoramos onde estão as diferenças no patrimônio, mas não há genes especificamente humanos. Nada mais absurdo que a afirmação de alguns de ter encontrado o gene que nos permite falar", criticou.
"De brincadeira lhes repondo que eu também encontrei o gene que nos faz engordar e que não é outro que o que abre a boca. Muita gente tem uma idéia um tanto ridícula do que é e o que pode um gene", disse o biólogo.