LIMA, 2 de jun de 2010 às 18:26
No Simpósio Teológico do I Congresso Eucarístico e Mariano de Lima (CEM 2010) inaugurado esta terça-feira 1 de junho, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Cardeal Antonio Cañizares Llovera, assinalou que "sem sacerdotes não há Eucaristia e sem Eucaristia não há Igreja"; e advertiu que "renovar o sentido eucarístico é garantia de um futuro para a Igreja".
Diante de 2 mil participantes no evento organizado pela Arquidiocese de Lima no auditório do colégio San Agustín na capital peruana, o Cardeal recordou que a Eucaristia é fonte e cume da vida de todo cristão e que "a Igreja é sacramento vivo e eficaz da união com Deus e da unidade de todo o gênero humano" e que esta união "somente é possível pela participação do Corpo de Cristo. Isto acontece na Eucaristia".
"Somente é possível a Eucaristia pelo sacerdócio. Por conseguinte, só com os sacerdotes existe Igreja", advertiu.
"Os sacerdotes –recalcou– somos necessário não para que funcione a Igreja ou para que esteja bem organizada ou para ensinar uma doutrina. Somos sacerdotes para que haja Eucaristia. Se não recuperarmos isto não haverá vocações. Assim colocamos o futuro em jogo".
Do mesmo modo, o Cardeal Cañizares sublinhou a centralidade do sacrifício de Cristo na Eucaristia que em muitos lugares se viu "reduzido ao banquete, a celebração da comunidade, a uma lembrança, mas não ao sacrifício mesmo de Cristo que se entrega por nós na Cruz. Sem isto não entendemos nada da Eucaristia e não celebramos nada mais que a nós mesmos".
"Secularizamo-nos e acreditamos que tudo era criatividade do homem. ‘O que importa é que seja atrativo. Não. O que importa é que o mistério seja reconhecido, que o mistério seja celebrado. Deve-se ter presente o direito de Deus. Deus nos diz como deve ser realizado o mistério, a celebração", advertiu.
Por isso, depois de recordar o espírito de renovação eclesiástica que propôs o Concílio Vaticano II, o Cardeal ressaltou que em ordem de prioridades os padres conciliares propuseram a renovação litúrgica porque "não podemos entender a Gaudium et Spes se não sobre a base onde tudo se fundamenta: a Eucaristia".
"Não haverá uma Igreja da Gaudium et Spes se não for uma Igreja da Sacrosanctum Concilium. Por isso o Papa põe grande interesse na liturgia. Por isso, quando se interpreta (a renovação) em mudanças meramente rituais é não entender nada do que o Santo Padre está nos dizendo", adicionou.
"Fazer a renovação não é fazer cada dia uma fantoche diferente. É fazer que se possa celebrar o mistério de fé que acontece. Essa renovação deve expressar tudo o que é a realidade do mistério. O culto se perverte quando se oferece uma festa na que a comunidade oferece a si mesma. O princípio é que Deus ocupe o lugar central", indicou.
Finalmente, o Cardeal Cañizares recordou que na comunhão não somos nós os que assimilamos (a Cristo), "mas é Ele quem assimila a si" por isso "somos arrancados da individualidade. Assim a Eucaristia tem um caráter social".
"Celebrar a Eucaristia é realizar a renovação da sociedade. Por isso, renovar o sentido eucarístico é garantia de um futuro para a Igreja. Aqui está o verdadeiro perigo para uma humanidade que não reconhece a Deus".