Ao culminar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, afirmou que embora possamos “distinguir  Cristo da Igreja,  não podemos separar um e outro”.

Ao presidir em nome do Papa João Paulo II a celebração das vésperas na basílica de São Paulo Extramuros, o Cardeal reafirmou a necessidade de ter a Cristo como “alicerce e fimdo compromisso ecumênico, e recordou as palavras de São Paulo aos Coríntios: «Ninguém pode pôr outro alicerce diverso do que está posto, que é Jesus Cristo».

Em sua homilia, centrada no tema “Jesus Cristo, nosso alicerce comum”, o Cardeal expressou aos líderes religiosos que participavam da cerimônia que “assim se explica a razão de nosso compromisso ecumênico”.

“Hoje, ao início deste ano novo não queremos olhar o passado, mas sim ao futuro, ao futuro do ecumenismo. Desde seu início, ao princípio do século XX., o movimento ecumênico mudou muito no mundo e em nossas igrejas. A situação ecumênica também é distinta”, afirmou o Cardeal.

“Às vezes –acrescentou–, o impulso inicial parece correr o perigo de cair em um estado letárgico e de perder credibilidade. Brotam, por uma parte sinais de reticência e resistência e, por outra, sinais de resignação e frustração. Por isso, não podemos seguir repetindo ‘business as usual’, tudo como de costume. O que devemos fazer? O que podemos fazer?”.

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Temos que refletir sobre “a fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que é o fundamento do batismo, que nos faz cristãos, nos incorporando na Igreja. Jesus Cristo não é somente o alicerce, mas sim a finalidade de nosso compromisso ecumênico: nele todos seremos um”, ressaltou o Cardeal.

“Hoje precisamente, quando na sociedade pós-moderna tudo é relativo e arbitrário e cada um  cria sua própria religião 'a la  carte', necessitamos de um alicerce sólido e um ponto confiável de referência comum para nossa vida pessoal e para nosso trabalho ecumênico”, continuou.

“O que significa tudo isto em concreto?”, Perguntou-se o Cardeal e expressou que “mencionarei apenas três conseqüências. Em primeiro lugar, dividimo-nos a propósito da Bíblia e somente através da leitura, do estudo e da meditação da Bíblia encontraremos a unidade”.

“Em segundo lugar, através do batismo somos incorporados a Jesus Cristo. Não partimos do zero em nosso compromisso ecumênico. Através do batismo estamos já em uma comunhão fundamental que une  Jesus Cristo e  uns aos outros. Em terceiro lugar, Jesus Cristo está presente na Igreja por meio de sua palavra e de seus sacramentos. É o chefe da Igreja e a Igreja é seu corpo”, explicou.

Finalmente, o Cardeal recordou que “podemos e devemos distinguir  Cristo da Igreja, mas não podemos separar um e outro. Santo Agostinho nos ensina a fórmula ‘Christus totus’, a plenitude de Cristo como Chefe e Corpo. Este é o ponto de divergência mais profundo entre as Igrejas e as comunidades eclesiásticas do Ocidente, que nos impede de ser plenamente sinal e instrumento de Cristo”.