Buenos Aires, 23 de ago de 2010 às 12:03
O Pe. Víctor Manuel Fernández, encarregado do Reitorado da Universidade Católica Argentina, pediu "não ser superficiais com o tema do aborto", e pensar profundamente, porque "se só o (ser) já ‘desenvolvido’ tiver direitos" não há argumento sólido para "outorgar um caráter indiscutível aos direitos humanos dos mais fracos".
Segundo o perito, "um feto corre o risco de ser menosprezado, como acontece com todo o pequeno e aparentemente inútil" apesar de que "a genética indica que o DNA do óvulo recém fecundado contém todas as características que terá esse humano adulto".
"Se a justificativa para eliminá-lo é seu incompleto desenvolvimento, isto concede plenos poderes aos fortes para eliminar os menos desenvolvidos. De fato, na colonização da América alguns se sentiam autorizados a matar os indígenas porque não pareciam plenamente humanos. Recordemos os nazistas, quando assinalavam raças de menor qualidade que podiam ser destruídas. Igualmente, existem aqueles que convidam a eliminar os deficientes físicos porque não estão completamente desenvolvidos. Mas não são os desenvolvidos os que decidem quem é humano e quais não têm direito à vida", explicou em um artigo publicado no jornal La Nación sob o título "A defesa dos que têm menos poder".
O sacerdote recordou que "a defesa da vida humana requer fundamentos inquebráveis e jamais sujeitos a discussão, para nos assegurarmos de que não se repetirão as diversas barbáries do século passado. O único modo de estabelecer estes fundamentos firmes é sustentar que a vida humana é sagrada sempre, desde sua gestação até a morte natural".
"Até por ‘coerência progressista’, o aborto não pode apresentar-se como uma solução. Reconheço que também é incoerente que alguém rechace o aborto e ao mesmo tempo se desentenda dos marginados ou sustente terríveis guerras preventivas. Há muita hipocrisia, sim. Mas não a façamos que os inocentes paguem", acrescentou.
"Em um lugar onde as coisas se resolvem assim, produz-se uma relativização da vida que introduz nos subterrâneos da sociedade um frívolo desprezo pela dignidade humana. Isto finalmente se traduz em uma incapacidade para reconhecer o outro, que alimenta um escuro dinamismo de degradação social. Melhor levantemos o olhar", concluiu.