Lima, 25 de ago de 2010 às 12:22
O sacerdote espanhol e doutor em Física, Pe. Manuel Carreira, explica em
uma entrevista
alguns detalhes do caso de Galileu Galilei que alguns utilizam como uma
espécie de "arma" quando a Igreja tenta aproximar-se do mundo da
ciência. Sobre este cientista assinala que "era católico, não passou um
minuto na prisão, ninguém tocou em um fio de cabelo seu nem o
excomungou. Ademais, morreu professando sua fé, assistido por uma filha
religiosa, e com a bênção papal".
O Pe. Carreira, que estará em Lima, no Peru, participando do 2° Congresso sobre o Santo Sudário de Turim, disse na entrevista publicada no jornal peruano ‘El Comercio’ que na época de Galileu "não havia realmente física nem provas de que a Terra se movesse (a prova experimental se anunciou em 1838). Suas supostas provas eram inválidas e outros astrônomos as negaram".
Este perito físico indica logo que a idéia correta de Galileu era que "a Bíblia não ensina ciência e queria que os teólogos mudassem a interpretação do texto segundo sua teoria. Os teólogos se equivocavam em pensar que a Bíblia ensinava astronomia, mas estavam no correto em dizer que enquanto não houvesse provas, Galileu devia apresentar suas idéias como teorias e não pedir-lhes mudanças de opinião".
"Em ambos os casos –precisa o sacerdote– se excedia o campo próprio para ir ao alheio. Nós aprendemos essa lição e deve haver mútuo respeito".
O também membro do Observatório Astronômico Vaticano se refere logo à teoria do desenho inteligente da criação do mundo, tema sobre o qual deu muitas conferências. Ele assinala que "a ciência é limitada: teve que aceitar que o universo não é eterno, começou em um estado de alta densidade e temperatura (o big Bang) para o qual há provas experimentais: encontramos as cinzas e o resplendor daquela fogueira. Mas não pode dizer ‘por que há algo ao invés de nada’ (Wheeler). Falar do passo do nada ao algo é o conceito de criação que a ciência não pode manusear: é preciso um Criador não material".
Ante isto, ressalta, "a filosofia responde, de acordo com a teologia. Mas os detalhes do começo não os revela a fé nem devem tomar do Gênesis, que é uma parábola de conteúdo filosófico, não um texto de astronomia".
"Negar o começo é anti-científico e dizer que o universo existe ‘porque sim’ é ridículo e pueril", conclui o perito que será um dos apresentadores do II Congresso Internacional sobre o Santo Sudário que se realizará entre 31 de agosto e 2 de setembro na capital peruana.
Mais informação sobre este evento em espanhol: www.sabanasanta.info