RIO DE JANEIRO, 1 de fev de 2005 às 18:33
As festas carnavelescas, que a cada ano estão se tornando mais ultrajantes contra o respeito da moral e imagens e símbolos dos cristãos, reacendem mais uma vez a divergência entre as escolas de samba do Rio de Janeiro e a Igreja Católica às vésperas do Carnaval. Mas, desta vez, parece que foi possível evitar que se encenasse o martírio de Jesus Cristo em pleno Sambódromo.
Segundo o publicado pela Agência EFE, a direção da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis anunciou hoje, terça-feira, que, após uma reunião que teve com os advogados da Arquidiocese do Rio de Janeiro, decidiu modificar uma parte de seu desfile para não ferir os sentimentos dos católicos.
A Beija-Flor pretendia encenar o martírio de Jesus no Sambódromo usando um ator coberto com uma tinta simulando sangue e com dançarinos fantasiados de soldados romanos no ato de flagelação.
Na semana anterior a escola fez um ensaio da cena em Copacabana do que seria o seu desfile no Carnaval deste ano, mas representantes da Arquidiocese alegaram que a cena provocou repulsa entre vários católicos devido à sua violência.
A organização da escola, por decisão própria, determinou que ator não usará nada que remeta à imagem de Cristo, como a coroa de espinhos, o manto branco, a tinta vermelho-sangue ou uma cruz que carregaria.
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Segundo declarou à EFE a coordenadora jurídica da Arquidiocese, Claudine Dutra "a legislação brasileira exige respeito aos símbolos religiosos e prevê sanções para aqueles que vilipendiarem deles". E disse também que "o regulamento da liga que organiza os desfiles no Sambódromo também prevê punições para as escolas que denigrirem símbolos ou imagens religiosas".
Esta não é a primeira vez que uma escola de samba teve que modificar seu desfile, por vilipendiarem imagens religiosas. No ano passado, devido a um requerimento judicial da Igreja, a escola Grande Rio teve que cobrir algumas esculturas de pessoas nuas que faziam parte de um desfile no qual se promovia o uso de preservativos.
Tal desfile era aberto por um carro alegórico com duas estátuas gigantescas representando Adão e Eva, mostrando a considerada primeira relação sexual da história da humanidade.
A Beija-Flor já tinha sido sancionada em 1989, quando quis levar para a avenida uma estátua do Cristo Redentor sujo e vestido com farrapos.