Em seu recente artigo chamado “O Papa e os Direitos Humanos no Brasil”, o arcebispo de Juiz de Fora (MG) Dom Gil Moreira destaca que a alocução do Papa aos prelados do Regional Nordeste V, foi “um discurso profético de grande significação na defesa dos legítimos direitos da pessoa humana”.  “O Sucessor de Pedro não podia ser mais claro. Alertou sobre os perigos de regimes políticos que pretendem ser considerados ‘democracia’, mas que ‘clara ou veladamente’ defendem leis abortistas ou propugnem outras medidas contrárias à vida”, destacou Dom Moreira.  Para o arcebispo “O feliz pronunciamento de Sua Santidade constitui uma excelente reflexão para o momento político que estamos hodiernamente vivemos no Brasil”.
 
“Fiel à sua missão, a Igreja instrui e anima seus pastores e impulsiona seus filhos na vivência e na proclamação corajosa da Palavra de Deus. Assim fez Jesus com seus discípulos quando os enviou a anunciar o evangelho a todas as criaturas, prevenindo-os que não se desencorajassem nem mesmo quando se encontrassem ameaçados por lobos ou não fossem bem recebidos numa cidade”, afirmou Dom Gil Moreira.

Mais adiante o arcebispo ressalta que “o compromisso com a verdade está acima de todas as situações confortáveis, mesmo porque a Verdade para a Igreja não é um texto ou um enunciado, mas é uma pessoa, ou seja, ele mesmo, o Cristo. Seu compromisso é com o Verbo Encarnado e por ele, ela está disposta a tudo. Isto justifica até o martírio, se necessário”, .

“Na semana que passou, o Santo Padre Bento XVI fez aos bispos do Regional Nordeste 5 (Maranhão), um discurso profético de grande significação na defesa dos legítimos direitos da pessoa humana. O Sucessor de Pedro não podia ser mais claro. Alertou sobre os perigos de regimes políticos que pretendem ser considerados ‘democracia’, mas que ‘clara ou veladamente’ defendem leis abortistas ou propugnem outras medidas contrárias à vida”, recordou o bispo.
 
“Literalmente diz o Papa: seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso, no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases”, denunciou também Dom Gil.

“Como legítimo sucessor do Príncipe dos Apóstolos, a quem Jesus entregou o poder das chaves, e a quem é dado o ministério de confirmar os irmãos na fé, o Papa anima os Pastores a não temerem, nem negligenciarem diante de situações que desafiem os princípios da dignidade humana, pois a Igreja não pretende fazer política como os políticos que procuram agradar para ganharem votos”, recordou Dom Moreira.

“São significativas as expressões do Papa neste sentido”, escreveu o arcebispo de JF recordando as palavras do Papa: “portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo». Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária — como vos disse em Aparecida — uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum”.

Destacando que o Papa recordou aos prelados do Nordeste V “pontos importantes como a necessidade de se garantir o direito ao ensino religioso confessional, opcional conforme a religião do aluno, e o direito do povo brasileiro de ver os símbolos religiosos nas repartições públicas”, Dom Moreira relembrou as palavras de Bento XVI: “uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado”.
Sobre a presença de símbolos religiosos, o bispos recorda que o Papa disse ainda: “Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história” .

“Uma sociedade sem Deus corre o risco de se tornar anárquica, com a moral e a ética comprometidas. Sobre esta presença divina, afirma: Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política”, afirma Dom Antônio recordando a cita da última encíclica do Papa, a Caritas in veritate, em seu número 56.

“Observamos que estes temas estão relacionados ao polêmico e inaceitável PNDH3 (Plano Nacional dos Direitos Humanos 3), infelizmente assinado pelo Governo da República em dezembro de 2009, e que, necessariamente deverá ser revisto se nossos governantes quiserem respeitar a democracia e a liberdade, inclusive religiosa, do povo brasileiro. Sinto-me confortável ao ouvir as sábias palavras do Santo Padre aos bispos do Maranhão, em Visita ad Limina Apostolorum (...)”, testemunhou o Arcebispo Moreira, destacando que “o feliz pronunciamento de Sua Santidade constitui uma excelente reflexão para o momento político que estamos hodiernamente vivemos no Brasil”.

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