VATICANO, 17 de nov de 2010 às 14:42
Na audiência geral de hoje o Papa Bento XVI falou sobre Santa Juliana de Cornillon, que contribuiu à instituição da solenidade do Corpus Christi. Sobre esta santa, o Papa explicou, pode-se aprender o profundo amor a Cristo na Eucaristia com quem todo fiel deve encontrar-se na Missa dominical e na adoração eucarística para transformar com o amor a própria vida.
Na Praça de São Pedro e diante milhares de fiéis presentes, o Papa disse que nascida perto de Liège (Bélgica), no final do século XII, órfã aos cinco anos, Juliana "foi confiada aos cuidados das religiosas agustinas do convento-leprosário de Mont-Cornillon", tomando mais tarde o hábito agustino e chegando a ser prioresa do mesmo.
O Pontífice explicou que Santa Juliana "possuía uma notável cultura e um sentido profundo da presença de Cristo, que experimentava vivendo de modo particularmente intenso o Sacramento da Eucaristia".
Aos 16 anos teve uma visão que a levou a compreender a necessidade de instituir a festa do Corpus Cristi, "para que os fiéis adorassem a Eucaristia para aumentar sua fé, avançar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento".
Juliana "confiou a revelação a outras duas ferventes adoradoras da Eucaristia" e as três "estabeleceram uma espécie de ‘aliança espiritual’, com o propósito de glorificar o Santíssimo Sacramento".
Bento XVI assinalou que o bispo de Liège, Robert de Thourotte, depois de algumas dúvidas iniciais, aceitou a proposta da Juliana e suas companheiras, e instituiu pela primeira vez, a solenidade do Corpus Christi em sua diocese. Mais tarde, outros bispos o imitaram, estabelecendo a mesma festa nos territórios confiados a seus cuidados pastorais.
Juliana, disse o Papa, "teve que sofrer a forte oposição de alguns membros do clero e do próprio superior do qual dependia seu monastério. Então, decidiu deixar o convento de Mont-Cornillon com algumas companheiras, e durante dez anos, de 1248 a 1258, viveu em distintos mosteiros de monjas cistercenses", enquanto "continuava difundindo com devoção o culto eucarístico. Morreu em 1258, em Fosses-a-Ville, na Bélgica".
O Santo Padre recordou que o Papa Urbano IV, em 1264, quis instituir a solenidade do Corpus Christi como festa de preceito para a Igreja universal, na quinta-feira depois do Pentecostes. Para dar pessoalmente exemplo, celebrou esta solenidade em Orvieto, cidade na qual então vivia. Na catedral desta cidade se conserva o famoso corporal com as marcas do milagre eucarístico ocorrido em 1263, em Bolsena.
"Urbano IV pediu a um dos maiores teólogos da história, Santo Tomás de Aquino –que acompanhava o Papa nesse momento e se encontrava em Orvieto–, que compusera os textos do ofício litúrgico desta grande festa, para expressar louvor e gratidão ao Santíssimo Sacramento".
O Papa disse que "apesar de que após a morte de Urbano IV, a celebração da festa do Corpus Christi se limitava a algumas regiões da França, Alemanha, Hungria e do norte da Itália, o Papa João XXII, em 1317, estendeu-a a toda a Igreja".
Bento XVI exclamou logo: "Queria afirmar com alegria que hoje na Igreja há uma ‘primavera eucarística’: Quantas pessoas rezam em silencio ante o sacrário, mantendo uma conversação amorosa com Jesus!"
É reconfortante, acrescentou, "saber que muitos grupos de jovens tornaram a descobrir a beleza da adoração à Santa Eucaristia. Rezo para que esta ‘primavera eucarística’ se estenda cada vez mais em todas as paróquias, especialmente na Bélgica, a pátria de Santa Juliana".
Finalmente o Papa Bento XVI convidou a "renovar, recordando Santa Juliana de Cornillon, nossa fé na presença real de Cristo na Eucaristia a fidelidade ao encontro com Cristo Eucarístico na Santa Missa dominical é fundamental para o caminho de fé, mas busquemos também visitar com freqüência o Senhor presente no sacrário! Precisamente mediante a contemplação em adoração, o Senhor nos atrai para si, nos faz penetrar em seu mistério, para transformar-nos como transformou o pão e o vinho".