HAVANA, 8 de jun de 2004 às 12:35
Os dissidentes exilados Ramón Humberto Colás e Berta Mexidor, casados e fundadores do Movimento de Bibliotecas Independentes em Cuba (PBIC), serão premiados amanhã pela fundação People for the American Way (PFAWF) em reconhecimenot a sua trajetória como defensores da liberdade de expressão na ilha.
A premiação intitulada “Celebrando a Liberdade de Expressão” será realizada no Country Club de Coral Gables, Flórida. “Vamos receber este prêmio como criadores do Projeto de Bibliotecas Independentes em Cuba (PBIC), mas o extendemos a todos os bibliotecários que se mantêm promovendo alí o livre acesso à leitura em meio a uma atmosfera de repressão e censura”, afirmou Colás.
Humberto, psicólogo, e Berta, economista, tomaram a iniciativa de fundar o PBIC em fevereiro de 1998 quando escutaram na televisão estatal o governante Fidel Castro assegurando que em Cuba “não existem livros proibidos, mas sim que faltavam recursos para adquiri-los”.
O casal impulsionou a criação de bibliotecas nos lares de atividas em todo o país. Hoje o movimento conta com mais de 100 instituições independentes, onde várias pessoas podem ir ler livros e publicações que não encontram as entidades públicas, controladas pelo Estado.
“É um projeto cultural alternativo para todos os cubanos”, explicou Colás e acrescentou que “seu maior mérito é ter quebrado o controle absoluto do regime sobre a informação”.
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A resposta governamental foi a instauração de bibliotecas comunitárias, em 1999, e pouco depois os chamados clubes Minerva, onde se permite acessar a alguns livros polêmicos e autores censurados.
Entretanto, o Governo também aplicou um processo de hostigamento e prisão de ativistas. Depois de várias detenções e registros, o casal e seus filhos viram-se obrigados a exilar-se em dezembro de 2001. Um total de 17 dos 75 dissidentes presos e condenados durante a onda repressiva do ano passado são bibliotecários independentes.
Desde sua chegada ao exílio, ambos protagonizaram uma intensa campanha internacional sobre a realidade cubana. Grupos de apoio ao PBIC funcionam atualmente em Nova York e Miami, Espanha, Suécia e França.
“As bibliotecas independentes são um espaço criado para educar o cubano a viver em democracia e preparar o futuro do país”, acrescentou Colás.
PFAWF é uma organização norte-americana que advoga pela defesa dos direitos e liberdades civis. É a terceira ocasião que a filital da Flórida entrega estes prêmios.