Vaticano, 12 de jan de 2011 às 12:54
Na audiência geral de hoje, dedicada a Santa Catarina de Gênova, o Papa Bento XVI explicou que o purgatório é uma mostra concreta do amor e da justiça de Deus onde a alma humana se purifica das escórias do pecado.
Em sua catequese na Sala Paulo VI dedicada a Santa Catarina, quem vivera entre 1447 e 1510, o Santo Padre relatou que esta santa recebeu em seu lar uma boa educação cristã. Casou-se aos 16 anos e sua vida matrimonial não foi fácil. Ao princípio levava uma existência mundana que lhe causou um profundo sentido de vazio e amargura.
Com seus livros "O tratado sobre o purgatório" e "O diálogo entre a alma e o corpo", Catarina plasma sua experiência espiritual que se intensifica quando depois de uma particular experiência, na qual vê com claridade suas misérias e defeitos, ao mesmo tempo que a bondade do Senhor, nasce a decisão de mudar de vida e iniciar um caminho de purificação e comunhão mística com Deus.
O lugar de sua ascensão às alturas da mística foi o hospital de Pammatone, o maior de Gênova, do qual foi diretora.
“Da conversão à morte não houve eventos extraordinários, mas dois elementos caracterizaram toda a sua existência: de um lado, a experiência mística, isto é, a profunda união com Deus, sentida como uma união esponsal, e, de outro, a assistência aos doentes, a organização do hospital, o serviço ao próximo, especialmente os mais necessitados e abandonados. Esses dois pólos – Deus e o próximo – preencheram totalmente a sua vida, transcorrida praticamente no interior dos muros do hospital".
"Não devemos nunca esquecer que, quanto mais amamos a Deus e somos constantes na oração, tanto mais conseguiremos amar verdadeiramente quem está ao nosso redor, quem nos é próximo, porque seremos capazes de ver em toda a pessoa o rosto do Senhor, que ama sem limites e distinções".
Bento XVI se referiu depois às obras da santa, e recordou que "na sua experiência mística, nunca teve revelações específicas sobre o purgatório ou sobre almas que ali estão se purificando".
Santa Catarina não apresenta o purgatório "como um elemento de paisagem das vísceras da terra: é um fogo não exterior, mas interior. Esse é o purgatório, um fogo interior. Não se parte, de fato, do além para contar os tormentos do purgatório – como era usual naquele tempo e talvez ainda hoje – e depois indicar a via para a purificação ou a conversão, mas a nossa Santa parte da experiência exatamente interior da sua vida em caminho rumo à eternidade.".
Por isso, para a Catarina “A alma é consciente do imenso amor e da perfeita justiça de Deus e, por consequência, sofre por não ter respondido de modo correto e perfeito a tal amor, e exatamente o próprio amor a Deus torna-se chama, o amor mesmo a purifica das suas escórias do pecado".
Na mística genovesa se encontra uma imagem típica do Dioniso o Areopagita, explicou o Papa: a do fio de ouro que une o coração humano a Deus. "Assim, o coração do homem é invadido pelo amor de Deus, que se torna o único guia, o único motor da sua existência".
"Essa situação de elevação a Deus e de abandono à sua vontade, expressa na imagem do fio, é utilizada por Catarina para expressar a ação da luz divina sobre as almas do purgatório, luz que as purifica e eleva aos esplendores dos raios fulgurantes de Deus".
"Os Santos, na sua experiência de união com Deus, alcançam um "saber" tão profundo dos mistérios divinos, no qual amor e conhecimento se compenetram, que são auxílio aos próprios teólogos no seu empenho de estudo, de intelligentia fidei, de intelligentia dos mistérios da fé, de aprofundamento real dos mistérios, por exemplo, de o que seja o purgatório”.
"Com a sua vida, santa Catarina ensina-nos que quanto mais amamos a Deus e entramos em intimidade com Ele na oração, tanto mais Ele se faz conhecer e acende o nosso coração com o seu amor. Escrevendo sobre o purgatório, a Santa recorda-nos uma verdade fundamental da fé que se torna, para nós, convite a rezar pelos defuntos, a fim de que possam chegar à visão beatífica de Deus na comunhão dos santos".
“O serviço humilde, fiel e generoso que a Santa prestou por toda a sua vida no hospital de Pammatone, pois, é um luminoso exemplo de caridade para todos e um encorajamento especialmente para as mulheres que dão uma contribuição fundamental à sociedade e à Igreja com a sua obra preciosa, enriquecida pela sua sensibilidade e atenção com os mais pobres e mais necessitados".
Ao final da Catequese, o Papa dirigiu aos peregrinos de língua portuguesa a seguinte saudação:
Amados peregrinos de língua portuguesa,
de quem me apraz salientar a presença do grupo de juristas do Brasil: para todos vai a minha saudação amiga de boas vindas, com o convite a aderirdes sempre mais a Jesus Cristo e a fazerdes do seu Evangelho o guia do vosso pensamento e da vossa vida. Então sereis, na sociedade, aquele fermento de vida nova que a humanidade precisa para construir um futuro mais justo e solidário, que sonhais e servis com a vossa atividade. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica. ", concluiu.