MURCIA, 17 de jan de 2011 às 18:44
As Irmãs Apostólicas de Cristo Crucificado, estendidas hoje pela Espanha e América Latina, rezam por um milagre que culmine com a beatificação de sua fundadora, María Séiquer Gayá, uma viúva que se consagrou ao serviço de Deus e viveu a misericórdia ao ponto de cuidar dos assassinos de seu marido, um mártir da Guerra Civil Espanhola.
María Séiquer nasceu em Murcia, Espanha, em 1891, e se casou em 1914 com Ángel Romero, um médico otorrino conhecido entre seus vizinhos por sua honradez e sua atitude serviçal. Em seu imóvel em Villa Pilar instalaram uma capela pública onde María dava catequese às crianças e seu marido atendia gratuitamente os mais pobres um dia à semana.
Quando a perseguição anti-católica chegou a região espanhola de Murcia por volta do ano 1931, Ángel decidiu entrar na política para defender a Igreja e se converteu em alvo dos violentos.
Em agosto de 1936, foi aprisionado e semanas depois fuzilado. Em uma das duas visitas que María fez no cárcere, Ángel lhe disse: "Pensam que nos sacrificam, e não vêm que nos glorificam". Ela à sua vez confessou sua intenção de consagrar-se a Deus. "Se não me matarem também, prometo-te ingressar no convento", disse-lhe.
María fugiu de Murcia onde sua vida corria perigo e "conheceu Amalia Martín de la Escalera, com quem uma vez terminada a Guerra, fundou em Villa Pilar, a primeira casa das Irmãs Apostólicas de Cristo Crucificado.
María -optou pelo caminho do perdão-: "perdôo a todos meus inimigos, peço-te por eles e avivo o desejo de perdoar a todos os que me fizeram mal", deixou escrito.
Posteriormente desde sua congregação, ocupou-se de educar crianças, alimentar os pobres e visitar os anciãos e doentes dos povoados vizinhos, entre os quais se encontravam os assassinos de seu marido.
Com efeito, diversas testemunhas afirmam que até sua morte em 1975 María atendeu uma das mulheres que denunciou o seu marido; jamais reclamou os próprios móveis roubados que via nas casas de alguns doentes que atendia; cuidou dos filhos do miliciano que arrastou pelas ruas o cadáver de seu marido, e se apresentava com freqüência ante o Tribunal para exigir que não tramitassem os sumários dos assassinos que tinham sido capturados, até que conseguiu salvá-los de ser executados.
Em seus escritos afirmou: "Só tenho feito o que me ensinou Cristo: Perdoai-os, porque não sabem o que fazem".
Atualmente, os restos de Ángel, cujo processo de beatificação por martírio também está em trâmite, a Madre María junto com a Madre Amalia, descansam em um panteão junto à capela de Villa Pilar.