BRASILIA, 20 de jan de 2011 às 17:00
Em matéria divulgada hoje, a assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entrevistou os bispos Dom Filippo Santoro, de Petrópolis, e Dom Edney Gouvêa Mattoso, de Nova Friburgo. Ambos falaram sobre a situação das comunidades afetadas pelas enxurradas e sobre o trabalho solidário organizado para ajudar as vítimas. O último boletim da Defesa Civil estadual, liberado às 11h desta quinta-feira, 20, apontou um total de 765 mortos na região serrana do Rio por causa das chuvas. O município com maior número de óbitos é Nova Friburgo, com 357, seguido por Teresópolis, 323, Petrópolis, 64, e Sumidouro, 21
Dom Filippo qualificou de “dramática” a situação da Região Serrana do Rio por nunca ter havido, na história do Brasil, tantos mortos num único evento trágico ambiental. O que o bispo de Petrópolis ressalta, porém, não é a tragédia, mas a solidariedade que é visível em todas as partes.
“Podemos falar das inúmeras causas da tragédia: a ocupação irresponsável das encostas, a falta de planejamento urbano, a depredação ambiental, mas não podemos deixar de falar em algo muito bonito que vemos todos os dias, que é a solidariedade por todas as partes”, ressaltou o prelado.
Dom Filippo destaca que os templos e colégios, antes locais para a educação e oração, agora são designados para a acolhida de centenas de desabrigados.
“É uma corrida pela solidariedade que não tem como medir. As pessoas estão firmes em busca de suas vidas e a melhor forma de realizar esse trabalho tem sido através da união e parcerias, como temos feito”, afirmou dom Filippo à CNBB.
“A Igreja está pensando em solucionar a questão dos desabrigados: oferecer a eles abrigos dignos. Estamos estudando essa possibilidade, seja por meio de acampamentos com barracas ou cedendo casas religiosas para eles morarem”, destacou.
“Tenho recebido ajuda de várias dioceses de norte a sul do Brasil. Disponibilizamos uma conta bancária para receber o dinheiro e é grandioso o que vemos lá. Senhoras fazem suas doações pequenas, outros fazem grandes doações e assim a ajuda chega. A Conferência Episcopal da Itália fez uma doação de 1 milhão de euros e com isso estamos podendo ajudar a confortar a vida das pessoas que sofrem com a tragédia”, contou Dom Filippo.
Por outro lado, Dom Edney Gouvêa, bispo de Nova Friburgo, um dos municípios mais atingidos pelas enchentes disse à CNBB que o atendimento aos desabrigados, resgate de corpos e disponibilização de infraestrutura necessária para o atendimento às comunidades tem sido o trabalho da diocese de Nova Friburgo frente à tragédia que retirou a vida de 359 habitantes do município.
Da mesma forma que a diocese de Petrópolis, a diocese de Nova Friburgo tem trabalhado em parceria para articular as ações de busca de corpos e atendimento às vítimas. “A nossa ação tem sido efetiva na doação de materiais de primeira necessidade, abrigos, como também o trabalho fraterno e espiritual a essas pessoas, muitas delas só ficaram com a roupa do corpo, desnorteadas, perambulando pelas ruas”, lembrou Dom Edney na entrevista aparecida no portal da CNBB que recorda que hoje, 20, cumpre um ano desde que Dom Gouvêa tomou posse da diocese serrana.
“Chegar a algumas regiões só é viável no momento por meio de helicópteros”, relatou dom Edney. Ele afirmou que esta tem sido uma das dificuldades da diocese em ajudar nos trabalhos de resgate, atenção e busca de corpos. “Sabemos o que está acontecendo, mas o acesso a essas localidades ainda é bastante difícil, principalmente a parte comunicativa, que dificulta uma articulação imediata”.
Sobre os prejuízos da diocese, Dom Edney apontou que houve várias percas de agentes de pastorais, outros ainda estão desaparecidos. As perdas materiais ainda estão sendo levantadas, mas já há dados de que desabaram várias capelas na cidade e no interior, alguns templos e uma parte do antigo seminário da diocese que está desativado.