VATICANO, 7 de fev de 2011 às 14:08
Ao presidir na manhã de ontem a ordenação episcopal de cinco novos bispos, o Papa Bento XVI assinalou que os pastores na Igreja Católica não devem servir o espírito que domina as épocas mas sim devem cumprir sua missão, com solidez, de abrir as portas do mundo a Deus.
Na homilia que pronunciou na Basílica de São Pedro, o Santo Padre disse que "o pastor não pode ser como palha no pântano que se dobra com o sopro do vento, um servo do espírito da época".
"O ser intrépido, o valor de opor-se às correntes do momento, pertence de modo essencial à tarefa do Pastor. Não deve ser como palha no pântano, mas deve ser como uma árvore que tem profundas raízes nas quais está cimentado".
Depois de recordar que "a colheita é abundante mas são poucos os trabalhadores", o Papa assinalou que "o trabalho nesta colheita, no campo de Deus, no campo da história humana é levar aos homens a luz da verdade, liberá-lo da pobreza de verdade, que é a verdadeira tristeza e a verdadeira pobreza do homem".
Seguidamente advertiu que os seres humanos vivem profunda e constantemente o desejo do bem, a "nostalgia do Redentor, de Deus mesmo, inclusive quando Ele é negado".
"O Senhor nos permite compreender que não podemos ser simplesmente só nós mesmos que mandemos operários para sua colheita, porque não é uma questão de management (administração), de nossa própria capacidade organizativa. Os operários para o campo de sua colheita só podem ser enviados pelo próprio Deus".
Seguidamente e recordando o lema da recentemente celebrada Semana da Unidade dos Cristãos, o Papa disse que o trabalho do Bispo também tem como eixos: o ensino da fé dos apóstolos, a comunhão, a fração do pão e a oração.
O ensino dos apóstolos, centrada na Palavra de Deus, "é a base segura sobre a que podemos construir a casa de nossa fé, de nossa vida. E novamente a estabilidade e o definitivo disto que acreditam que não significa rigidez".
Sobre a comunhão Bento XVI ressaltou que esta deve ser vivida "em todas as dimensões da vida cristã e eclesiástica". "Deus se fez visível para nós e tangível, e assim criou uma comunhão real consigo próprio".
"Entramos nessa comunhão através do acreditar e do viver juntos com aqueles com O tocaram. Com eles e através deles nós mesmos de algum modo vemos e tocamos a Deus que se faz próximo. Assim a dimensão horizontal e a vertical se entrelaçam inseparavelmente uma com outra".
Os Bispos, disse o Papa, "devem fazer que esta corrente de comunhão não se interrompa. E esta é a exigência do sucessão apostólica: conservar a comunhão com quem encontrou o Senhor de modo visível e tangível e assim ter o Céu aberto, a presença de Deus em meio de nós".
Sobre a fração do pão, a Eucaristia, o Papa referiu que é "o centro da Igreja e deve ser o centro de nosso ser cristãos e de nossa vida sacerdotal".
Com ela "o Senhor se doa a nós. O Senhor entra em minha intimidade e quer me transformar para me fazer entrar em uma profunda comunhão com Ele. Assim me abre também a todos os outros: nós, os muitos, somos um só pão e um só corpo, diz São Paulo".
"A dimensão social, o compartilhar não é um apêndice moral que se acrescenta à Eucaristia, mas é parte dela" continuou o Papa e acrescentou que "estejamos atentos a que a fé se expresse sempre no amor e na justiça dos uns para os outros e que nossa praxe social seja inspirada pela fé, que a fé seja vivida no amor".
Quanto à oração, Bento XVI ressaltou a necessidade fundamental de entrar neste diálogo de amor com Deus que todo cristão tem e de maneira particular o sacerdote e o bispo.
"Assim fica claro algo importante: a oração, por uma parte, deve ser muito pessoal, um unir-me nos mais profundo a Deus. Deve ser minha luta junto a Ele, minha busca Dele, minha ação de graças por Ele e minha alegria nele".
Entretanto, prosseguiu, a oração jamais é uma coisa privada, que não tem em conta aos outros.
“Rezar é essencialmente e também um rezar no 'nós' dos filhos de Deus. Só neste 'nós' somos filhos de nosso Pai, que o Senhor nos ensinou a rezar".
Finalmente o Santo Padre alentou os novos bispos e com eles todos os prelados, sacerdotes e cristãos do mundo a "jogar as redes do Evangelho no mar agitado deste tempo para obter a adesão dos homens a Cristo, para tirá-los, por assim dizer, das águas salgadas da morte e do vazio no qual a luz do céu não penetra. Devem levá-los à terra da vida, na comunhão com Jesus Cristo".
Os cinco bispos que ordenou o Papa Bento XVI são: Dom Savio Hon Tai-Fai, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos; Dom Marcello Bartolucci, Secretário da Congregação para as Causas dos Santos; Dom Celso Morga Iruzubieta, Secretário da Congregação para o Clero; Dom Edgar Penha Parra, Núncio Apostólico no Paquistão; e Do. Antonio Guido Filipazzi, Núncio Apostólico cujo destino ainda não foi previsto.