Roma, 7 de fev de 2011 às 16:41
A defesa legal de Ásia Bibi, liderada pela Fundação Masihi, disse estar confiante em poder demonstrar a inocência da cristã condenada à morte por blasfêmia, durante o processo de apelação que terá início em breve no Tribunal Superior do Lahore (Paquistão).
Os advogados disseram à agência Fides que os testemunhos contra Bibi foram inventados e que o processo de apelação será muito diferente daquele que foi realizado no tribunal de primeiro grau, onde houve influencia política e pressão dos fundamentalistas islâmicos.
A defesa indicou que o processo poderia durar um ano e que o melhor para a cristã é permanecer em "o cárcere da Sheikhupura, onde agora está protegida em uma cela de isolamento".
Jamais falei contra Maomé
A agência Fides teve acesso à declaração que Bibi deu à justiça paquistanesa no processo de primeiro grau na que afirmou que jamais pronunciou "nenhuma palavra contra o profeta Maomé e contra o Corão".
Bibi explicou que "costumava trabalhar nos campos de Muhammad Idree com um grupo de mulheres, recebendo um salário diário. O dia do episódio que me foi impugnado, eu estava trabalhando no campo com outras mulheres. Duas delas, Mafia Bibi e Asma Bibi, se alteraram comigo por causa da água que eu lhes havia levado: negaram-se a bebê-la dizendo que sou cristã e jamais aceitariam a água de uma cristã".
"A partir daí surgiu uma discussão e lançamos palavras fortes entre mim e as duas mulheres. As duas foram mais tarde ao Qari Salaam (o Imã da localidade), porque conhecem sua esposa. Conspirando com ele, construíram uma falsa acusação completamente artificial contra mim", acrescentou.
Ele relatou que diante da polícia jurou sobre a Bíblia dizendo "que jamais havia pronunciado nenhuma palavra contra o profeta Maomé e contra o Corão, pelos quais sinto um grande respeito. Mas a polícia foi cúmplice e registrou o caso sobre a base de acusações falsas contra mim".
Segundo Bibi, "as duas mulheres queriam me envolver para vingar-se pela discussão". Ela acrescentou que em mais de 40 anos ninguém a acusou de blasfêmia. "Não tenho formação, não há nenhuma igreja na cidade, não conheço o pensamento islâmico: como poderia fazer declarações inapropriadas contra o Profeta e contra o Corão?", perguntou.
Sobre seu empregador, ela advertiu que "não é uma pessoa imparcial, porque tem estreitos vínculos familiares com as mulheres mencionadas" e autoras da acusação.