SANTIAGO, 21 de fev de 2011 às 11:47
O Arcebispo do Santiago do Chile, Dom. Ricardo Ezzati, deu a conhecer este fim de semana os resultados da investigação realizada pela Congregação vaticana da Doutrina da Fé sobre o sacerdote diocesano Fernando Karadima Fariña, quem foi declarado culpado de abusos sexuais a menores.
O sacerdote tinha sido acusado pelo médico James Hamilton, o jornalista Juan Carlos Cruz, o filósofo José Andrés Murillo e o advogado Fernando Batlle, por abusos cometidos pelo sacerdote na década dos 90s', em um caso que foi fechado pela justiça civil em 2010, mas que se avalia reabri-lo.
Na declaração divulgada no dia 18 deste mês em conferência de imprensa, o Arcebispo de Santiago explica que a investigação eclesiástica teve início em julho de 2010 e concluiu com um decreto que foi divulgado no último 16 de janeiro.
O decreto assinala que "sobre a base das provas adquiridas, o Rvdo. Fernando Karadima Fariña é declarado culpado dos delitos mencionados" e "de modo particular, do delito de abuso de menor contra outras vítimas".
Considerando a idade e a saúde do sacerdote que tem 80 anos, o decreto assinala que se impõe ao "culpado retirar-se a uma vida de oração e de penitência, também em reparação das vítimas de seus abusos".
"Será preocupação do Arcebispo do Santiago, de acordo com a Congregação para a Doutrina da Fé, avaliar o lugar de residência, dentro ou fora da diocese, de tal modo a evitar absolutamente o contato com seus ex-paroquianos ou com membros da União Sacerdotal ou com pessoas que tinham direção espiritual com ele", acrescenta.
O decreto indica ademais proíbe à perpetuidade ao Pe. Karadima "o exercício público de qualquer ato de ministério, em particular da confissão e da direção espiritual de toda categoria de pessoas".
"Além, se impõe a proibição de assumir qualquer encargo na União Sacerdotal do Sagrado Coração", à qual pertenceu durante muitos anos e na que foi uma das figuras mais destacadas chegando a liderá-la durante várias décadas.
Se não obedecer as sanções, o sacerdote poderá "receber penas mais graves, não excluída a demissão do estado clerical".
O decreto dá ao sacerdote a potestade de interpor um recurso de apelação e sugere ao Arcebispo de Santiago que realize uma visita canônica (investigação) à União Sacerdotal do Sagrado Coração, "com a finalidade de verificar a eclesialidade dos processos formativos e a transparência da administração econômica", medida que terá início prontamente em coordenação com a Congregação para a Doutrina da Fé.
O Decreto indica logo que "o Arcebispo de Santiago cumpriu com o protocolo que corresponde a este Decreto. Pessoalmente o notificou o padre Fernando Karadima no dia 17 de janeiro, e imediatamente fixou um lugar de residência, conforme às características definidas".
O advogado do sacerdote do Pe. Karadima, Juan Pablo Bulnes disser que apelarão do decreto mas que seu defendido respeita integralmente a decisão deste alto tribunal da Santa Sé e que o padre já acatou as disposições que o Arcebispo do Santiago, Dom Ricardo Ezzati, dispôs para dar início ao cumprimento delas imediatamente.
Dor e pesar do Arcebispo
Sobre o decreto o Arcebispo de Santiago e Presidente da Conferência Episcopal do Chile manifesta sua "profunda pena e dor pelas pessoas prejudicadas, às quais uma vez mais quero manifestar minha proximidade de pai e pastor".
"Hoje pessoalmente quis entrar em contato com as vítimas para comunicar-lhes a resolução da Santa Sé, enquanto depois de poucos dias de haver iniciado o Ministério na Arquidiocese tive a oportunidade de reunir-me com um deles".
Seguidamente o prelado expressa sua grande tristeza "pelo dano que se causou ao ministério e à missão própria do sacerdote na Igreja. Entretanto, também me assiste uma serena esperança porque, como diz Jesus, 'a verdade os fará livres'. Acredito que nunca devemos renunciar à busca dessa verdade".
Depois de agradecer ao trabalho do Arcebispo Emérito de Santiago, Cardeal Francisco Javier Errázuriz, Dom Ezzati assinala que "a resolução da Santa Sé é uma palavra autorizada. Os Dicastérios da Cúria Romana atuam em nome do Santo Padre, procurando a salvação das almas, que é a lei suprema da Igreja".
Finalmente ele faz "um chamado à comunidade eclesiástica a assumir a decisão da Santa Sé com espírito de fé e esperança, ajudando-nos mutuamente para que estes fatos nunca mais voltem a ser produzidos e animo a todos meus irmãos sacerdotes a caminhar em santidade de vida, após o Senhor Jesus".