LAHORE, 24 de fev de 2011 às 17:50
Os bispos católicos do Paquistão expressaram sua preocupação por outra injusta acusação de blasfêmia contra Agnes Nuggo, uma católica de Faisalabad, na província de Punjab, que foi condenada à prisão sob a controvertida lei da blasfêmia e pediram ao novo governo que seu caso seja resolvido em breve.
Segundo fontes da Agência Fides na Igreja local que seguem de perto o caso, Agnes, uma católica de 50 anos casada e mãe de cinco filhos, foi acusada de blasfêmia por alguns vizinhos muçulmanos, que reivindicam a posse de um terreno.
Agnes se diz inocente e define falsas as acusações contra ela. Segundo a agência Fides, Agnes é vítima de uma vingança, mas também cometeu erros: de fato, nas últimas semanas por causa de uma briga particular, tinha acusado injustamente três cristãos, dizendo o imã local que eles tinham insultado o profeta Maomé.
Verificada a inocência deles, Agnes fez um pedido público de desculpas, admitindo o seu erro e pediu desculpas. Mas depois ela foi vítima de uma falsa acusação de blasfêmia e o mesmo imã local testemunhou contra ela.
Por sua parte, o Bispo e os sacerdotes de Faisalabad se reuniram nestes dias por uma semana de retiro espiritual que lhes dará a oportunidade para também analisar o caso e decidir a estratégia a seguir.
A assembleia do clero diocesano está engajada numa fervorosa oração por Agnes e sua família, que a Igreja local está auxiliando através de alguns padres e freiras, para atender as vítimas inocentes da lei sobre blasfêmia, pela paz e a harmonia no país.
Dom Lawrence Saldanha, Arcebispo de Lahore e Presidente da Conferência Episcopal, manifestou a preocupação do episcopado paquistanês à Agência Fides após este novo caso:
"É lamentável que tenha acontecido novamente isso. Continuam acontecendo casos de falsas acusações de blasfêmia contra os cristãos, contra membros de outras minorias religiosas e também contra os muçulmanos. A lei favorece abusos que realmente acontecem: isso nos preocupa”, afirmou.
Dom Saldanha também assinalou à Fides que os prelados não podem “parar os nossos esforços e a nossa mobilização para ser capaz de mudá-la. Esperamos que a história de Agnes possa ser esclarecida e resolvida rapidamente. Continuamos a esperar que a parte saudável do país concorde sobre a urgência de eliminar ou, pelo menos, rever a lei".
“Ao novo Governo - continua o arcebispo -, pedimos uma política de igualdade e respeito pelos direitos fundamentais para todos, e para realizar um sistema mais democrático no país, segundo os princípios de transparência e justiça: somente de tal maneira poderão crescer a paz e a harmonia” .
“Nós, cristãos e outras minorias religiosas somos parte do país, queremos viver em paz numa nação que respeita todos os cidadãos, sem discriminação", conclui o pedido do bispo.