BARCELONA, 28 de fev de 2011 às 15:31
A juíza Elisabet Castelló processou o magnata abortista Carlos Morín e uma dúzia de seus colaboradores por 115 supostos abortos ilegais praticados nas duas clínicas que possui em Barcelona.
Conforme informa o jornal La Razón, Morín cobrou entre três mil e seis mil euros por cada aborto que praticou até o ano 2007 sem importar que seus pacientes não cumpriam com os requisitos que estabelecia a antiga legislação espanhola para o aborto, que então só era permitido em casos de estupro, más formações no feto e risco de vida da mãe.
Além disso, há indícios de que Morín praticou abortos depois das 14 semanas de gravidez, limite estabelecido pela nova Lei de Aborto que entrou o vigor em julho passado.
Entre os 115 supostos abortos ilegais imputados a Morín e sua equipe figuram 60 abortos de 22 semanas (cinco meses e meio), sete abortos de 27, 28 ou 29 semanas (7 meses), um caso de 30 semanas (sete meses e meio) e outro de 32 semanas (oito meses) de gestação.
Os abortos que se praticavam nas clínicas do Morín terminavam com a vida de fetos de até 30 e 35 semanas. “Em 2005, a clínica Ginemedex, uma das mais ativas, faturou 1,5 milhões de euros”, informa o jornal.
Morín -de origem peruano- lucrou com o negócio do aborto. "Seu patrimônio atual, acumulado graças a terminar com a vida de recém-nascidos, poderia qualificar-se de pequena fortuna já que os agentes imobiliários estimam sua casa em 4,2 milhões de euros. Ao seu casarão, com hidromassagem, piscina e um amplo jardim, deve-se acrescentar seus carros de luxo, entre eles uma Ferrari. As garotas que passavam por suas mãos pagavam com dinheiro negro, por isso as auditorias nunca revelavam a verdadeira quantia que movia o peruano e sua esposa".
A juíza deu dez dias à acusação particular -constituída pelos grupos E Cristians, o Colégio de Advogados de Barcelona, o partido Alternativa Espanhola e a associação Tomás Moro- para apresentar seus escritos sobre o caso.
"Estão processando 115 abortos ilegais e queremos denunciar os participantes nestes fatos de quatro delitos. Não sabemos se poderemos ter preparada toda a documentação", explicou Carlos Pérez Roldán, vice-presidente do Centro Jurídico Tomás Moro.
O advogado negou que as mulheres que se submeteram aos abortos estejam sendo processadas. "Elas acreditavam que reuniam as condições para poder interromper sua gestação, por isso é relevante que a juíza tenha decidido não culpá-las e arquivar o processo contra todas elas", explicou.
O caso Morín saiu à luz em outubro de 2006 logo que um canal dinamarquês difundiu uma reportagem sobre as clínicas de Barcelona e os abortos tardios. Morín teria praticado abortos a mulheres menores de 13 anos, usava máquinas trituradores para desfazer-se dos fetos, e por ser portador do HIV, praticava os procedimentos com outro nome.
Ao final de 2007, a Guarda Civil prendeu Morín, sua esposa e outros quatro colaboradores, mas em março de 2008 ele ficou em liberdade provisória.