VATICANO, 6 de mar de 2011 às 17:39
Ao concluir a oração do ângelus dominical, o Papa Bento XVI elevou suas orações pelos diversos conflitos atuais em alguns países da África como a Líbia e fez votos para que o assassinato do ministro católico, Shabbaz Bhatti, no Paquistão dê lugar à defesa da liberdade religiosa.
O funcionário paquistanês foi assassinado brutalmente por membros do Al Qaeda na quarta-feira passada, dia 2 de março, por sua oposição à Lei de Blasfêmia, que dispararam contra seu automóvel durante dois minutos com armas automáticas quando o ministro se dirigia de sua casa ao seu escritório.
Os panfletos deixados pelos assassinos do ministro na cena do crime continham frases como "foi morto porque era cristão, infiel e blasfemo", seu assassinato é parte de "uma guerra de religião para eliminar a aqueles que desejam modificar a lei sobre a blasfêmia"; e "por graça de Alá, todos os que são membros da Comissão de revisão da lei, irão ao inferno".
A Lei de Blasfêmia é uma norma cuja base está na lei Xaria (islâmica) que condena qualquer ofensa contra Maomé ou o Corão. Qualquer muçulmano pode denunciar alguém por transgredi-la sem necessidade de testemunhas ou provas. As punições chegam à pena de morte e com freqüência esta lei é usada para perseguir os não-muçulmanos como os cristãos.
Após a Missa de exéquias do ministro católico na sexta-feira 4 de março, o Arcebispo de Islamabad (Paquistão), Dom Anthony Rufin, disse que Bhatti "deu sua vida pela fé. Estou seguro de que a Igreja, seguindo seus tempos, o proclamará como mártir".
Depois de rezar o Ângelus dominical, o Papa pediu este meio-dia "ao Senhor Jesus que o comovedor sacrifício da vida do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti gere nas consciências a coragem e o esforço por tutelar a liberdade religiosa de todos os homens e, de tal modo, promova sua igual dignidade".
Bento XVI também elevou suas orações pela Líbia, "onde recentes enfrentamentos provocaram numerosos mortos e uma crescente crise humanitária".
Os protestos contra o regime do presidente Muamar Ghadaffi (que leva 42 anos no poder) tiveram início no último 14 de fevereiro. Há poucos dias Ghadaffi ordenou bombardear com seus aviões a população da capital Trípoli, deixando um saldo de 2 000 mortos e é cada vez maior o número de pessoas que procuram sair do país para escapar da violência.
Atualmente a informação sobre os enfrentamentos é contraditória: enquanto as forças leais a Ghadaffi afirmam que têm o controle de distintas cidades, os opositores assinalam o contrário nesses mesmos lugares. A violência aumenta a cada dia.
O Papa assinalou que "a todas as vítimas e àqueles que se encontram em situações angustiosas asseguro minhas orações e minha proximidade, enquanto invoco a assistência e o socorro para as populações afetadas".