LIMA, 8 de mar de 2011 às 14:05
O Arcebispo da Piura e Tumbes (norte do Peru), Dom José Antonio Eguren, assinalou que "o aborto não resolve nada, pois mata a criança e destrói a mulher", ao comentar o livro apresentado ontem nesta capital "75 opiniões sobre o aborto. Um tema para falar, uma agenda para discutir" do Promsex, uma das organizações que promovem a despenalização desta prática no país.
Em sua homilia da Missa dominical de 6 de março, o Prelado se referiu ao livro que reúne 75 opiniões "relevantes" de pessoas que apóiam a despenalização do aborto no Peru, entre os quais se encontra o Prêmio Nobel de Literatura 2010, Mario Vagas Llosa, a atriz Magaly Solier, Carla García, filha do Presidente do Peru, Alan García, e a da diretora do Promsex, Susana Chávez.
O livro foi apresentado por estas duas últimas junto ao jornalista Raúl Tola ontem à noite. Nele, Vargas Llosa assinala que o aborto é um tema complexo que "tem em sua despenalização uma maneira de atenuar um gravíssimo problema" e considera a Igreja Católica "um dos maiores obstáculos" para uma educação sexual e políticas de estado que promovam a anticoncepção e o controle natal.
Solier afirma por sua parte que os políticos se negam a debater sobre o aborto "por medo à Igreja" e "por não querer ter jamais alguém contra eles".
Sobre o livro, Dom Eguren assinalou que "não toma em conta a posição de mais de 76 por cento de peruanos que opinam o contrário e o que é pior não toma em conta a opinião mais importante: a da criança por nascer".
"Claro, como o Nascituro não pode falar, como o nascituro não vota nas eleições, se torna fácil decidir por ele. Vejamos se você gostaria que outros decidam se você deve viver ou não".
Ecoando das palavras do Papa Bento XVI aos membros da Pontifícia Academia para a Vida no último 26 de fevereiro ao finalizar sua assembléia plenária em Roma, o Arcebispo ressaltou que "o aborto não resolve nada, mas mata a criança, destrói a mulher e cega a consciência do pai da criança, arruinando freqüentemente a vida familiar".
Conforme assinala a nota do Escritório de Imprensa e Comunicações do Arcebispado de Piura, o Prelado disse logo que "a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta desde o momento da concepção".
"Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos seus direitos de pessoa, entre os quais está o direito inviolável de todo ser inocente à vida".
O Arcebispo, que também é Presidente da Comissão Episcopal de Vida e Família, alentou os candidatos à presidência e ao congresso (Câmara de Deputados) para as eleições de 10 de abril para que "entendam de uma vez por todas que é vital para a democracia tutelar os direitos humanos, especialmente o direito à vida, desde o momento da concepção até seu fim natural".
No marco do Dia Internacional da Mulher que se celebra este 8 de março no país, o Arcebispo precisou que "é preciso respeitar a vida tanto da mulher como a do nascituro. As duas vidas são valiosas e no Peru, iguais perante a lei."
"Deste modo volto a reiterar: um católico não pode votar por um candidato que promova o aborto, seja quem for e para o cargo que for, presidente ou deputado da nação", esclareceu.
Dom Eguren explicou logo que "o aborto é um pecado gravíssimo, é um 'crime horrendo'; por isso o aborto tem a pena de excomunhão, porque a Igreja percebe que a frágil vida dos filhos no seio materno depende decisivamente da atitude dos mais próximos, que são, além disso, os que têm mais direta e especial obrigação de protegê-la: os pais, os médicos, etc".